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Triste fim de uma escabrosa estória que revolveu as entranhas de todos quantos artistas envolvidos:
Comunicado da Laura Marsiaj Arte Contemporânea: "A desmontagem da exposição ALUGA-SE, acontecerá no próximo sábado, dia 07 de fevereiro, das 16h às 18h. Passado este tempo os trabalhos que permanecerem na galeria serão destruídos.
Na impossibilidade de reproduzir a chuva (de protestos), aqi alg1s breves coments dos ameaçados "inquilinos":
Denise Araripe não seria a consumada e crítica artista q é se não dissesse o que disse: "Participei desta proposta de um artista que sublocou seu espaço de exposição, porque achei genial a maneira como questiona o mercado e seu sistema de seleção e curadoria. Terminada a exposição, o comunicado dessa Laura Marsiaj que se diz galerista me deixou realmente abalada, devido à grosseria e ao desrespeito que demonstra e me pergunto se ela agiu assim por se tratar de artistas que ainda não tem espaço no mercado e portanto não têm o valor, que sua sensibilidade é capaz de captar, ou se agiria igual na desmontagem de um Antônio Dias, o que refletiria apenas sua falta de educação. Um absurdo!"
Espantada, a humorada Sonia Madruga pergunta com fina e cáustica ironia: "O destrói-se é continuação do aluga-se? ... ou despeja-se?"
Luciano Mariussi, o "senhorio", co-responsável pelo descalabro, tirou o esfíncter da reta: "Quanto ao que vai acontecer com os trabalhos é melhor falar direto com a Mariana (Ndr: esta, subalterna da Laura)."
Atherino flamante: "Nem me passou pela cabeça se teriam coragem de destruir qualquer obra, mas é de espantar que uma galeria deste nível se comporte desta maneira. Ela nos desrespeitou como artista e como pessoa."
Andrea Brandani, "bombeiro" zen e ponderado: "Não tem problema".
Solange Palatnik, taxativa: "Achei um desrespeito!"
Paulo Boardman, inconformado: "Ela pensa que tem o rei na barriga".
Incisiva e lúcida, Mary di Iório diz: "Tratar as obras dos artistas como se lixo fossem é de extrema estupidez. Ela foi muito infeliz no comunicado e não há como relevar creditando isso ao estresse, a um momento intempestivo e nem mesmo à falta de amor."
Mariussi - Mercador de Sonhos (...por lhes ter dado o inalienável direito, que ipso natura já era deles - eles serem eles mesmos)
Inquilinato II
Dias antes, antes mesmo de conhecer Luciano Mariussi, eu tinha, em breve comentário, traçado as linhas gerais, quase genéricas, com ênfase na ousadia e na heterodoxia da proposição e também na agitação e, na justificada ou não, expectativa que ela ia causar entre artistas e afins. Agora, já no dia da montagem da expo, com o, não anti-curador, mas sim não-curador, em plena atividade, evitei contato pessoal e, me restringindo ao visual, passei a atentamente observar a sua "performance" - sua Gestalt e seu comportamento, sua fenomenologia. As primeiras palavras-chaves a me ocorrer foram "sereno, compenetrado". Alheado do exterior, fixado e centrado no objetivo, nada o abstraía nem distraía.
Ao se movimentar, notei pisar firme, mas com flutuante leveza. Sem ruídos nem interferências. Falando, os decibels mantidos em discretos parâmetros, ausência de dissonâncias. Vendo-o em incessante subir-descer escada, medir, riscar, esquadrinhar paredes - pranchas ad hoc de desenho -, murmurei, "estamos diante de um urbanista, um criador de mundos" - geometrizados, racionais, ordenados para acolher emoções líquidas. Continentes ansiosos por conteúdos.
No trato com os artistas, tratava-os como se fossem únicos. No ato de martelar, pregar, colar, não me contive: "É um operário". ("Depois dizem que você não trabalha", soprei-lhe no ouvido). E foi também só aí e só então que dei de encontro com o cerne do temerário que foi ele descartar a (ditadura da) curadoria em favor da liberdade de expressão. Sim, porque, indubitável, representou risco abrir indiscriminadamente a guarda para prófis e leigos e gaiatos, se declarar disposto a permitir, absorver, assimilar, a entrada (de contrabando) de cobras e lagartos (de cariocas balas perdidas, cujos volantes no dia seguinte espalhei pelo espaço). Confiante e afirmativo. Laura Marsiaj, apreensiva. Por instantes, resmunga.
Já no vernis, apesar do cataclismo pluvial, a galeria se viu formigueiro. E um Luciano pleonasticamente luminoso. Câmera na mão, encantadores amendoados olhos de touro (Schlafzimmerblick), que seduziram Europa, abre mão também das perguntas, deixa falar e filma, filma, filma. ("Fale, fale, diga o que lhe vai pelo coração e mente, faça sua éscata cathárisis, que depois eu ponho tudo no liquidificador, processo e metabolizo", deve estar pensando, penso). Pede autorização de uso da imagem. Claro, que idéia! Todos cedem. Não é para isso!? Digo: "Você matou o curador, acabou com o sujeito, eliminou o objeto, melhor, o predicado todo, e resguardou apenas o pensamento, a idéia da liberdade. Disponha, portanto, de tudo pra tudo - dos ossos dos meus pais e do futuro dos meus filhos". Não por acaso, carrego no pulso uma etiqueta inscrita "Inquilino". Não é a vida um, o maior! datado inquilinato?! Laura Marsiaj radiante brilha em êxtase. Mal crê no que vê. Digo-lhe, na presença de Mariussi, que, multiplicadores que somos, na próxima vamos ocupar e dominar! não apenas a encubadeira que é o anexo dela, mas também o salão principal. Ela sorri. Mariussi condescende. Sabe ter nos dados cariocas fiéis súditos que hão de para sempre amá-lo.... Nunca antes ninguém...
Rio de Janeiro janeiro 2009
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico
(Per)juro, ñ gosto d elogios, mas já q insistem:
"Alexandros, muito interessante o que escreveu sobre mim (em todos os aspectos). Senti-me dissecado (no bom sentido). Vc é mesmo uma figura que faz diferença. Eu é que devo agradecer sua participação e a movimentação toda que fez em torno do Aluga-se II". By Luciano Mariussi.
"Assino em baixo de todas palavras do Luciano! Parabéns, Alex, pelos seus comentários e testemunho vivo deste fascinante e vibrante evento happening que tivemos o prazer de participar!". By Ariella Cristaldi.
"Alexandros, bellíssimo testemunho do Mercador de Sonhos. By Hubert Viudes.
"Ale, suas críticas são sempre ótimas, afinal, além de crítico que saboreia a arte, sabemos que você é um escritor e primeiro e sábio poeta." By Andrea Brandani.
"Ale, ficou um show - formidável a sua saudação a todos nós (do Grupo Inquilinos), brindando ao melhor estilo RAC: a divulgação ficou bacanérrima, você escreve como ninguém." By Sônia Madruga.
"Querido Alex, você é o responsável por este lindo grupo (Inquilinos) que está se formando. Algo que nunca tinha visto com pintores. Venho de ateliês de gravura onde sempre aconteciam grupos. Obrigada por tudo." By Solange Palatnik.
"Estou muito feliz por esta orputunidade. Obrigada, Alexis, pois você tem me ajudado muito a ir em frente com a minha arte." By Madacler Papadopoulos.
"Elisa" by Solange Palatnik
"Vá!" by Bia Finkielsztejn
"Que assino embaixo" by Bia Finkielsztejn
"Dias de mim" by Denise Araripe
Andrea Brandani com "Aluga-se o Vazio" - Escultura em árvores ressecadas da rua Vinícius de Moraes - Ipanema
Instantâneos do vernissage by Alexis Daniel Evremidis
Alexis Daniel Evremidis com seu desenho "Números com Plexos" no topo
Alexandros Papadopoulos Evremidis e sua "Dir zu Füssen - Deine Scheide küssen" seguida de "Nunca Ninguém"
No centro, acima da obra de Alexandros, a elogiada encáustica de Madacler Papadopoulos
No centro, compósite de Andrea Brandani, com sapato destinado ao Bush
Alexandros Papadopoulos Evremidis, em depoimento ao incensado Mariussi
Andrea Brandani atirando sapato ao Bush
Obra 'alto-cantante' by Ariella Cristaldi
No alto, Vá!, pintura de Bia Finkielsztejn e, abaixo, composição de pinturas da solar Solange Palatnik
No alto, à esqueda, 3 obras da descolada poparte Denise Araripe e, na base esquerda, parte da arquitetural composição "Labirinto" by Sonia Madruga
Alexandros Papadopoulos Evremidis e Andrea Brandani - identificados Inquilinos de Mariussi
Alexandros Papadopoulos Evremidis se declarando "freguês" de Mariussi e cedendo os direitos da imagem, dos ossos dos pais e do futuro dos filhos
Instantâneos do vernissage by Sônia Madruga
Montagem colagem making off
Luciano Mariussi, Laura Marsiaj, Sonia Madruga, Ariella Cristaldi, Leda Maria
No grande painel (1,80x1,50) com fundo vermelho, Sonia Madruga apresenta sua leitura do vazio: Labirintos do Desejo - são 20 trabalhos (como o dia 20, dia de São Sebastião, inauguração da mostra) usando seus croquis como metáfora.
Sônia Madruga e Bia Finkielsztejn
Alexis Daniel Evremidis, registrando, e Ariella Cristaldi, rindo feliz. Ao fundo, "Orquídea Regina" de Alexandros Papadopoulos Evremidis e, acima, encáustica de Madacler Papadopoulos
Alexandros Papadopoulos Evremidis celebrando o "Xô Bush"
Alexandros Papadopoulos Evremidis ostentando o volante "Bala Perdida" usado na performance "Rio amado tá tudo dominado"
Alexis Daniel Evremidis + Alexandros Papadopoulos Evremidis + Lauro Henrique
Fotos by Márcio Atherino
No centro, obra de Márcio Atherino
Márcio Atherino e Luciano Mariussi
No centro, de cima para baixo, obras de Desirée Monjardim, Paulo Monjardim, Paulo Boardman e, à direita, obra de Atherino
No centro, "Dir zu Füssen - Deine Scheide küssen" e "Nunca Ninguém", de Alexandros Papadopoulos Evremidis. À direita, obra de Atherino
Inquilinato
"Chamarei a exposição de 'coletiva', o que não deixa de ser, embora pensonalizada e inventiva e criativa, bem-urdida. Inteligente, em todo caso - que é o que se espera de um artista. De todos os artistas. Digamos, para todos os efeitos, tratar-se de uma coletiva... diferente, de um experimento, pois que, ao invés de os artistas pagarem taxa de inscrição/participação, como é praxe em salões e coletivas, nesse projeto, para exibir suas criações nas paredes da galeria, quadriculadas para esse fim, eles "alugam" um ou mais módulos de espaço. Ocorre também que, neste exato instante, me ocorre uma lúdica idéia - a de que, ao final, restando quadradinhos vazios, solo ou coletivos, quero dizer, consecutivos, inline, pode-se, tal qual num palavras-cruzadas, preenchê-los - aqueles, com números perplexos; estes, com palavras insignificantes. O que por sua vez significa que a expo será uma grande celebração de artes e de artistas e um significativo laboratório de idéias e ideais, de sonhos e fantasias. Com a mais-valia de que, tudo com tudo, somados e subtraídos os haveres e os deveres, teremos um painel... artegráfico - a quantas anda a saúde da arte brasileira (há isso?!)? E anda engatinha, se arrasta, corre em disparada, voa? Quais os mais secretos anseios, as aspirações, as expectativas dos artistas brasileiros? Quais suas esperanças? É ver para crer. Para tal, há que lá comparecer.
São... inquilinos de Mariussi, entre outros, os seguintes associados do RioArtCult: Madacler Papadopoulos; Andrea Brandani; Sônia Madruga; Paulo Boardman; Solange Palatnik; Ariella Cristaldi; Alexis Daniel Evremidis; Alexandros Papadopoulos Evremidis, apresentando "Alugo Dir zu Füssen um Deine Scheide zu küssen"; Márcio Atherino; Heli Freire; Bia Finkielsztejn; Denise Araripe; Arnaldo Garcez; Mary Di Iorio. E mais: Luiz Badia; Emanuel Monjardim; e Desirée Monjardim."
Rio de Janeiro 2009
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico
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