"Obras Recentes" de Walter McAlister.

Peixes para dar e vender.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Para se tornar pintor, Walter McAlister foi pela contramão, seguindo os caminhos inversos aos trilhados hoje em dia pelos pretendentes da calitecnia. Explico: antigamente uma pessoa tornava-se artista ou por "geração espontânea", ou seja, pondo a mão na massa, fazendo e aprendendo, que é o que chamamos de autodidata, ou "colando" como aprendiz em algum mestre até ele ... dar sinais de inveja e expulsá-la resmungando que ela nada faz que preste. Já nos tempos modernos e contemporâneos, os interessados fazem cursos e freqüentam escolas e faculdades com aulas teóricas e práticas - tudo para o aluno aprender a fazer não o que sente mas o que o mestre mandar... E aí são chamados de "acadêmicos".

Não foi o caso de McÁlister que, nascido nos Estados Unidos mas crescido no Brasil, desde pequeno, atraído pela magia das artes, virou rato de museu pelo Brasil e pelo mundo afora. Sempre olhando, perguntando, analisando e se apropriando das técnicas e dos estilos, absorvendo e assimilando assim o chamado "studium generale" que lhe serviria de base e de substrato sobre as quais edificaria mais tarde o sólido conhecimento específico referente à vida dos mestres e à história da arte. Paralelamente, com a mão na massa, foi experimentando e pequisando tintas, cores, pigmentos e materiais - as ferramentas necessárias para a realização do compulsivo impulso - pintar. E foi pintando e repintando, sem se apegar, e muito menos se sujeitar e obedecer às tais escolas, movimentos, correntes, vertentes e tendências, modismos então nem pensar, deste ou daquele matiz, até elaborar e desenvolver seu próprio idioma pictórico - pessoal e intransferível. A palavra é autodidata - um mérito a mais!

Há alguns anos, McÁlister realizou uma bem-sucedida exposição, no Rio de Janeiro, que marcou momento aqui e, transcendendo o territorial, também lá fora, chegando mesmo a merecer espaço no conceituado, e pour cause de díficil acesso, semanário norte-americano TIME. Agora, no dia 04 de julho de 2002, McAlister inaugurou uma segunda individual, no Centro de Eventos Bolsa do Rio - Paça XV, 20 / térreo / Rio de Janeiro / RJ, que não só iguala, mas supera e em muito a inicial. Ou seja, nesse intervalo de anos em que ele ficou de fora do "agito" e da badalação, esquivando-se dos vendilhões do Templo Comercial, continuou trabalhando e calejando as mãos, sujas de tinta. Conseqüência: superou-se também a si mesmo.

O trabalho de McÁlister é de fácil entendimento, o que lhe aumenta consideravelmente a mais-valia, e de imediata comunicação com o espectador, inclusive e principalmente crianças e jovens, que olham e enxergam sem parti-pris, por exercer uma empatia fascinante, como se houvesse um código secreto e confidencial e, no entanto, a um tempo acessível a todos. Digo "todos", correndo o risco de cometer o pecado da generalização irresponsável, mas é que acho difícil que exista quem não goste e não se deixe seduzir pelos imagismo fantástico e fantasista, contemporaneamente surrealista e pós-moderno a um tempo, dos peixes e dos peixinhos - leitmotif e catalisador de McÁlister, ou "meio", se preferir, e modo de dizer as coisas cotidianas e gritantes e as idéias simbolistas e míticas, os conceitos ou a ausência deles - sejam reais ou surreais, naturalistas ou alegóricos, ambientados nos mais inusitados cenários e revestidos das mais variadas cores, que coabitam a luz e a sombra mas sem a sombra de conflito algum. Estáticos e imóveis, quais naturezas mortas, e no entanto intrinsecamente dinâmicos, ágeis e escorregadios, o que é próprio de sua naureza tanto quanto da arte. Pode-se no caso de McÁlister dizer que mais que pintor, ele é uma meticuloso artista artesão e sacerdote da pintura. Usar a palavra perfeição é redundância.

Mas afinal, qual o significado dos tais peixinhos? - os desavisados podem perguntar. Mas não devem. McÁlister tem pavor disso. Mas se assim mesmo insistirem, que leiam o depoimento dele (será seu credo artístico?), logo abaixo das digitalizações de algumas de suas obras. Uma pista talvez seja rever, em livro, no pc ou ao vivo em Viena, a tela "Peixes grandes comem peixes pequenos" de Brügel, o Velho - crítica cáustica.

Rio de Janeiro 2001

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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