"Memento Mori" by Walmor Corrêa
Memento Mori (lembra-te que morrerás) é o nome da instalação que o artista plástico Walmor Corrêa apresenta, até cinco de abril, na Laura Marsiaj Arte Contemporânea. Desenvolvendo sua poética pautada no estranhamento, Walmor nos apresenta um ambiente intrigante.
No centro do espaço expositivo – delimitado por um papel de parede vintage –, o espectador encontrará uma mesa, de cujas pernas despontam caveiras, cada qual olhando em uma direção. Sobre a mesa, seis caixas de música, protegidas por redomas. Também inusitadas, trazem, no seu interior, esqueletos de pequenos pássaros, com as asas ligeiramente abertas, uma das patas em delicado movimento, como se estivessem efetivamente dançando. Há ainda, nos dois lados da mesa e também protegidos por redoma, um outro esqueleto de pássaro ligado à engrenagem da caixa de música, desta vez maior, e um frondoso galho de árvore, porém desfolhado, em cujas extremidades descansam dois esqueletos de pássaros namorando. Os pássaros são híbridos, trazem bicos com os quais seria impossível comer; ou cabeça de um outro animal; ou, ainda, no lugar das asas, garras. Essas excêntricas caixas de música integram a série Você vai ficar na saudade, minha senhora, que dialoga com as pinturas que Walmor apresentou na 26. Bienal Internacional de São Paulo, em 2004, quando ganhou sala especial.
Em 2005, Walmor deu continuidade a suas pesquisas, desenvolvendo a série Unheimlich, onde o artista “dissecou” cinco seres do imaginário popular brasileiro: o Curupira, a Cachorra da Palmeira, o Capelobo, o Ipupiara e a Ondina. Construiu um discurso de verdade para eles, mostrando como esses seres seriam reais. Para tanto, buscou junto a médicos e especialistas explicações científicas para perguntas como essas: se a sereia pode descer a grandes profundidades marinhas, como o seu corpo responderia à pressão? E como seria a sua gestação?
Os cinco seres unheimlich, poderão ser vistos em Memento Mori na forma de Atlas de Anatomia, eles novamente colocam em dúvida questões do imaginário e da ciência. Ora, não é nesse tipo de material didático que as crianças aprendem sobre a verdade das criaturas? Então, se estão no suporte adequado, dissecados minuciosamente, porque não seriam reais?
Os Atlas, as caixas de música, os esqueletos e, sim, um relógio... o relógio que marca a passagem do tempo. Um antigo “cuco”, cujo passarinho foi trocado por um esqueleto. Entretanto, ao invés de ele aparecer de meia em meia hora, surge a cada quinze minutos, lembrando-nos que o tempo e a vida são urgentes, que eles transcorrem demasiadamente rápido e que, portanto, é necessário aproveitá-los sempre e intensamente.
Tal como um antigo Gabinete de Curiosidades, Memento Mori remete o espectador a um outro tempo e nos convida a também pensar no nosso tempo, no tempo despendido nas atividades mais cotidianas, no tempo que deixamos, muitas vezes, escorrer entre os dedos...
Rio de Janeiro 2008
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