| Wagner Morales |
"Dual Overdrive” = obras inéditas, feitas especialmente para esta mostra. Nascido em São Paulo, em 1971, Wagner Morales se divide entre sua cidade natal e Paris, onde já expôs no Palais de Tokyo, no Centre Pompidou e na Fondation d’entreprise Ricard. Atuante no circuito de exposições no Brasil e no exterior, seu trabalho já foi visto também em Helsinque, Londres e Nova York.
No grande espaço térreo da galeria, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, Wagner Morales apresentará uma instalação composta por dois outdoors virados para a parede, e que medem 9m x 6m cada, uma instalação sonora e dois conjuntos de fotos. “Este grupo de trabalhos se articula em um mesmo espaço, constituindo uma só obra, sugerindo a experiência do transitório, do deslocamento e da deambulação”, explica o artista.
Os dois outdoors, construídos em madeira e com suas superfícies iluminadas, estarão virados para as paredes da galeria, “como se fossem duas pessoas de castigo, de costas uma para a outra”. “É como se eles tivessem parado ali por algum acidente de percurso, um tufão, um tsunami talvez”. Haverá um som de ruído, parecido com o que é ouvido nos quartos dos hotéis de beira de estrada. “É uma viagem ao avesso, uma espécie de trajetória a contrapelo que se vale dos elementos da estrada e seus arredores, de coisas que geralmente são vistas de relance, rapidamente. Com os olhos no ponto de fuga e os reflexos atentos à movimentação dos outros carros, a paisagem da estrada torna-se um travelling transitório, que nunca se materializa”.
O som que será ouvido na exposição é produzido pelo zumbido do motor do ar-condicionado, captado por um microfone instalado próximo ao equipamento. Este som, após ser processado por um pedal de efeitos de guitarra chamado Dual Overdrive – de onde vem o nome da exposição – é amplificado por uma caixa acústica disposta no fundo da sala.
Complementa a instalação a série de fotografias “Vicinais”, de 2012, com imagens de lugares e objetos captadas durante caminhadas em arredores de estradas vicinais. “O que se apresenta é o que somos obrigados a ver quando há uma parada acidental: uma pane no motor, um acidente ou um cachorro atropelado. Uma paisagem que não está habituada a ser olhada”, conta o artista. No chão da sala estará o trabalho inédito “Estudo de balística”, composto por uma série de fotografias, em pequeno formato, medindo 25cmx25cm cada. Em cada fotografia o registro de um indício particular da passagem e do deslocamento humano pelas ruas da cidade, representadas por cuspes. Um livro com a série completa também poderá ser visto pelos visitantes.
Na pequena sala que fica na entrada da galeria, Morales apresentará o projeto “Joker", de 2012, realizado em colaboração com sua mulher, Beatriz Toledo. “É um registro dos pôsteres de propaganda política da eleição presidencial da França, cidade onde moramos. As pessoas desenham por cima das fotos dos candidatos, formando ora imagens abstratas, ora imagens cômicas. O que fazemos é fotografar os pôsteres colados nas paredes das ruas e reimprimimos no formato de um pôster de 40x60”. A série tem 14 imagens, sendo uma delas de um pôster escrito “Joker”.
Rio de Janeiro 2013
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