Wagner Kuroiwa - Travessia
Amalgama > sonho e realidade

Kuroiwa, com seus desenos coloridos, homenageia os 100 anos da imigração japonesa. São trabalhos elaborados em técnica mista sobre tela, exibindo uma nova fase do artista onde a celebração à cor, à dimensionalidade, ao detalhe, à percepção e a hamonia está cada vez mais solidificada no resultado final. As novas formas visuais nascem da observação exploratória, do artista estar sempre atento ao olhar, tentando ver possibilidades artísticas em tudo que o cerca. Kuroiwa dedicou-se a produzir obras de “encher os olhos” com formas, cor e conteúdo, como valor agregado, em símbolos, mensagens, idéias e aí sim, conceitos e preconceitos misturados, uma vez que nos desenhos “creio jogar tudo em termos de sentimento momentâneo: talvez todos os sete pecados, ironia, cinismo, sexo, humor etc.”, declara o artista.

A linguagem utilizada na nova série é criptografada, visando tornar-se um desafio para o expectador interessado, entender o nexo entre os diversos desenhos e seu significado. Outro ângulo explorado pelo artista é a questão retiniana da cor, na forma mais aguda do contraste, um impacto quase incômodo aos olhos pela sua força e agressão visual, que embora tenha um efeito negativo sobre algumas pessoas, muitas o apreciam, sugerindo que este impacto é compatível com o stress de nossos dias e toda a violência do cotidiano. A ascendência oriental está presente nas técnicas desenvolvidas para a realização do trabalho as quais englobam desde o aplicar tinta acrílica branca sobre papéis finos, copiar os desenhinhos com caneta de pau, a bico de pena, colar sobre papel ou tela e usar como fundo, sobre o qual vai a pintura; fazer desenhos a bico de pena diretamente sobre a tela e depois pinta-lo, ou mesmo, desenhos e aquarela ou pastel, já feitos, foram recobertos por desenhos a bico de pena, e repintados. Pode-se então dizer, que a técnica, no geral, é mista.

Kuroiwa busca o limite do veio dos desenhos, não buscando atender à poesia do apuro oriental, mas à obsessão neurológica repetitiva. Sua criação preenche uma necessidade que precede a elaboração racional de justificar uma produção que costumamos chamar de "acreditar". A satisfação do artista em fazê-los tem um efeito balsâmico que satisfaz uma necessidade, que por ser motivacional, é um estímulo interno e o trabalho simplesmente sua resposta.

Rio de Janeiro 2008


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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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