"Momossexuais", by Tavinho Paes / Ibis Libris
Os Momossexuais são como os loucos num hospício: o sol que brilha no pátio é o mesmo que brilha na rua, do outro lado do muro: a diferença é que eles, os loucos, enxergam este mesmo sol...na lua!

Não há dúvida: pelo formato trata-se de um livro! Um livro mais fino que fininho: finíssimo! Pelas contas do autor, trata-se do 108º do autor e o primeiro em processamento industrial com a griffe da Íbis Libris. Se é livro de poesia ou não: é outra história. Aliás, a história deste particular que é contada aos pedaços ainda está sendo processada em tempo real e não parece ser conhecida. A única certeza é que o livro é de um poeta... Em tese, este singular libreto circunscreve seu argumento em torno de uma opereta carnavalesca desengonçada.

Não é um manual de conduta nem de auto-ajuda. Não descreve um roteiro nem inventa uma pauta musical. Em seu território há música e silêncio; teatro e cinema. Fala de carnaval, mas não é carnavalesco. Tem humor de momo, mas ri como pierrô. Não começa pelo começo e ainda não terminou. Desfila numa passarela: é chic, mas não está na moda. É tão velho que parece uma novidade. Não resgata nada nem exuma cadáveres: autopsia um organismo vivo, a frio, sem anestesia. É tão simples que confunde. Chega tão fácil que vai embora. Não depende da imaginação do autor para ser lido e imaginado pelo leitor. Folheado, o livro apresenta poemas impressos.

Não chegam a ser dodecassílabos clássicos, mas percebe-se em suas colunas vertebrais uma matemática que não chega a embranquecer seus versos. Seus " modernismos moderninhos" não estão em suas estrofes, assim como os ossos de um corpo humano não estão na carne nem prescindem de sangue.

Uma prosa muito prosa (que não é conto nem novela) amalgama "tais poemas " num contexto cronológico dependente de uma ampulheta, na qual os grãos de areia flutuam e a força da gravidade põe todo mundo de cabeça para baixo e com os pés no chão. O Tempo é o personagem principal; os protagonistas, referências e medidas.

A sexualidade explícita no título é ululante e trata o prazer e o poder como fatores circunstantes: afinal, só no carnaval, podemos, por um lapso de tempo deixar de ser quem somos (embora, sexualmente em ação, só podemos ser quem realmente somos). O tempo e a festa circunstantes são os protagonistas da trama. Se o raciocínio é bem sofisticado , os conteúdos em que se desenvolvem são bem simples...

Em seu contexto excitante, momo é tanto um rei quanto o bobo de uma corte em que a decadência entrou em colapso. A anarquia contemporânea, tão sexy quanto uma mulher nua numa revista exposta no jornaleiro da esquina, ao contrário das forças da desordem dionisíaca, quer organizar as coisas: as eleições, o crime, o carnaval...

Sinais contemporâneos indicam que, independente dos poemas, a Poesia, misteriosamente, não se limita à tinta nem gruda no papel. Como hipertextos cibernéticos, tudo nela é ponto de partida para outra galáxia, onde o tempo abre janelas interdimensionais para o futuro e passado.

Rio de Janeiro - 2007


Para adquirir obras de arte, basta enviar Email - será encaminhado ao próprio artista ou ao seu galerista/marchand.

Artista, Escritor e +: ASSINE o RIOART e mostre suas criações aos qualificados leitores do Jornal e da Newsletter/InformArt enviada p/ jornalistas, galeristas, marchands, colecionadores, arquitetos, decoradores, críticos, editores, livreiros, leitores, produtores culturais, aficionados e afins: Email + 21 2275-8563 + 9208-6225


©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
Retornar ao Portal