| Susi Cantarino - Anima |
"Com um conjunto sinfônico de obras (Susi rege como 'una reina' e) a música reina ..."

Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Mala Suástica ...um inventário (nada inventado, mas de todo inventivo) em retrospecto (desaconselhado por Javé/Jovi/DZeus para a mulher de Lot e para Orfeu, mas destinação humana - a insubmissão (Prometeu) e a subversão (68), o pagar (com a vida, se preciso, para ver), Susi alcança o reino da apothéossis e põe o dedo a mão toda! na ferida da memória.

E com as ferramentas perfurocortantes da civilização e do seu corolário, a tecnologia, suavemente, ora nos afaga e ora nos arranha o cérebro. Nos atira aos tartáreos abismos abissais e, instantes antes de nos espatifarmos, amorosamente nos recolhe e acolhe. Como em holocausto, impiedosamente nos incinera e, descarnados, nos lambe e lambuza de bálsamo, em desesperado ensaio de revivescência.

De fato, estão lá, as armas e as bagagens: epístolas, fotos, registros, diáfanos papéis, rústicos e travessos travesseiros bordados e adornados com brilhos, semas e signos, ícones, facas formando suásticas (estar em sânscrito sucesso e 'buona fortuna'), serrotes, martelos e pregos (Schmidt), hieráticas malas suspensas, flutuando em desértico silêncio (onde estarão seus portadores agora?) - tudo prenhe de significativa memória, essa mesma memória de que nos constituímos e caracterizamos como seres, humanos? ainda e sempre!

Imagine-se o leitor, por um instante, cercado pelas silenciosas construções de Susi e sem memória - Quem sou eu? Quem é você? - serão perguntas prejudicadas pelo enunciado, já que não poderá nem mesmo formulá-las. Uma agonia e outra solidão. Tudo muito ascético e, envolto em gaze, asséptico. Mas também pegajoso e aderente ao tecido da memória, impregnando-o de conhecimento. Non olet, non dolet. Mas já doeu muito. Agora a ferida sarada e cicatrizada está. Passado, passou, passemos, ainda que a passos lentos de tanta dor. Gritos e sussurros, sim! e sobretudo gemidos dos que sem-sepúlcro vagam por dantescas esferas (Antígona clama), mas contidos e sublimados. Uma kathárissis!!

Anima, diz Susi, em substativo latim, mas nós faremos a leitura em verbo brasileiro - anima! Animemos, portanto, e peçamos ao Tempo (o crudelíssimo devorador dos filhos, Chronos) um tempinho para, em silêncio, apreciarmos o alerta sem alarde das criações da artista plena, plenamente contemporânea, que aposta na inventividade e na criatividade, no questionamento, no gesto da reconciliação, na aceitação, mas sem conformismo.

Rio de Janeiro 2005

*Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico do RioArteCultura.Com


"CONTRASTES", de Susi Sielski Cantarino.

A apoteose da maturidade.

Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico do Portal RioArteCultura.Com > E-mail

Susi é toda ela Bossa Nova e Carnaval, Traviatta e Rigoleto, Mikis Theodorakis - Zorba de saias! Ou, por outra, insinuante poesia em movimento. Em sua pessoa, sua vida e sua arte. Espírito irrequieto e itinerante, percorre o mundo e captura a alma dos países, das cidades, dos povos, dos mitos, dos eventos históricos e artísticos. O drama e a tragédia humanos. Fotografa, pinta, desenha, esboça. Recolhe mapas, postais, envelopes, manuscritos, partituras, papéis variados, folhas secas, penas de aves. Intervém sobre eles, com eles interage, os enriquece com caligrafia e faz assemblages, colagens, objetos, instalações. Arte da melhor estirpe. Nem o grande e transgressor Kurt Schwitters faria melhor.

Dança Trivial e óbvio, dirá um desavisado. Mas contra ele, Susi se erguerá transmutando e tranfigurando sua aparente fragilidade em gigantismo. Ela sabe e sente em si que na natureza nada é óbvio nem trivial. Que cada núcleo e cada gene têm seus lados ocultos e seus fundos. Seu mistério. E é com este que ela nos quer contaminar em cúmplice comunhão - essa a verdadeira e afirmativa Revelação. Sem misticismo, entretanto, mas com arte e engenho, com ciência e conhecimento de causa. Lúcida e consciente, não se aterá apenas ao luminoso; pondo o pincel na ferida, perscrutará também o tenebroso, na Polônia ou na Terra Dividida em sangue e chamas. Enfiará preces afirmativas nas frestas das Lamentações e, humanista, não pedirá a vitória, mas a PAZ.

Em "CONTRASTES", Susi, profícua e coerente, apresenta o aperfeiçoamnto do que vem desenvolvendo e aperfeiçoando, há algum tempo, com concepção e acabamento impecáveis, tangendo e ferindo nuclearmente o alvo. E faz mais - com a novíssima, originalíssima e criativíssima, uff!, série T.A.O/Mazuzot, ela, rompendo os limites, transcende e alçança o limbo, a insustentável leveza que une costumes dos povos do Oriente Médio com os do Oriente Distante - neste, o caso do Tao, o Caminho; naquele, os tubos que aqueles povos penduravam nos cantos da casa, contendo pergaminhos com prescrições morais que falam do amor que a criatura deve a seu criador. É o campo de sonhos que todo artista sensível busca - atingir a perfeição da forma pura na simplicidade, livre do lixo do mundo objetivo e daí adjetivo. São trabalhos tão diáfanos e etéreos que, por instantes, nos confundem, parecem estar suspensos no nada, desprovidos do mais elementar suporte material. Melhor, temos a plena sensação de que o suporte somos nós, nossas retinas encharcadas de emoção!

Há ainda, em Susi, um outro atributo que nos seduz - o carinho e a delicadeza com que trata e cuida de suas criaturas, como se únicas e instransferíveis, sacralizadas. Tal a devoção à sua arte que, na verdade, ela adquire feições de uma assinatura que ocupasse integralmente o terreiro trabalhado, facilmente reconhecível aqui, ali e sempre, na infinda seqüência dos vindouros. Serena sereia, Susi Sielski Cantarino nos encanta com seu canto e com seus, mais que pinturas, ícones - adoráveis portanto! Laureata est!

Rio de Janeiro 2002

©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico do Portal RioArteCultura.Com = E-mail


Censura nunca mais ou Até tu, Brutus?! (Kai sy téknon, Brute?!)
©Alle Kunst*


Não bastasse a recente violência da chefatura central do CCBB contra os pirus em cruz de *Marcia X*, agora vem a França agredir a incondicional soberania artística de...



... Susi Cantarino que recentemente, com grande sucesso e repercussão, junto ao público e à crítica, retrospectou no Museu Histórico Nacional, foi premiada na Bienal de Florença e igualmente celebrada na Alemanha (quem diria?!), está agora, por obscuras e retrógradas razões, impedida de exibir sua obra-prima Facas 1933 (cravadas em nosso insensível peito), na mostra que inaugura na 1ère Station Palais Royal - Louvre - Paris (agora sim!! ninguém diria).

A França, que com seu Século das Luzes e sua Liberté 1789 iluminou e desacorrentou o mundo do absolutismo, pelo que perenes tributários lhe somos, está dando para trás?! A resposta é SIM! Pois não é porque insanos e perversos transviados, em infeliz momento, desse signo se apropriaram (usurparam e deturparam) e sua sublime mensagem tragicamente conspurcaram, que aquela nação deve podar e punir a artista no inteiro exercício de sua criatividade e de seu métier!

A alegação de que por ali transitam milhões de pessoas e de que algum passante podia reagir (não é a provocação atributo essencial da arte?!) é pífia e desarrazoada e, o pior, anula a profunda significação e a precípua função da obra de arte, que é justamente essa: a de ser vista e apreciada e discutida e refletida por todos quantos - parisienses, franceses e estrangeiros - e não apenas por uma minórica elite em algum obscuro museu onde pretendem confiná-la. A tragédia nazista não é apenas uma tragédia alemã - é a tragédia e a múltipla falência de cada um de nós e de todos - do gênero humano e de suas instituições, em sua totalidade, de sua civilização, enfim e em suma.

O trabalho, de imenso e intenso apelo estético e emocional e incomensurável impacto plástico, construtivo e referencial histórico, foi concebido e executado em 2005 com (sintomáticas e significativas!) 1933 facas e mede heróicas dimensões: 200x200x12cm.

Veja a conceituação que Susi fez da obra: "Suástica - Do sânscrito, svastika, boa sorte (4.000 a.C.): Representava a felicidade, a saudação e salvação entre brâmanes e budistas. Um dos mais antigos e complexos símbolos, pré-histórico e universal, exceto por partes da África e pela Suméria. A suástica aparece tanto associada a deuses quanto a deusas, e é encontrada em altares, estátuas, cerâmicas, armas, vestidos e moedas. Em todas as circunstâncias é um símbolo de boa sorte, votos de felicidade, saúde e vida."

De fato, complementamos nós: Svastika, em sua raiz etimológica, é vocábulo composto por "su=sucesso, sorte" e "esteín=ser, estar" e nesse sentido equivale ao constantíneo "In hoc signo vinces" = Com este sinal vencerás, serás feliz. Representa também a roda (da fortuna = sorte), do moto perpétuo, do eterno retorno, da morte e do renascimento da vida e da conservação da matéria e da energia, da sua perene permanência! E ainda o yin e o yang, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino inapelavelmente entrecruzados e entrelaçados nesse nosso meândrico fluxo pelo espaço (por sóis iluminado - agora tristemente obscurecidos).

Rio de Janeiro 2006

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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