| Sonia Meilman | Provocações do sentido - fotografias |

Provocações do Sentido é um convite a uma viagem. Viagem em que, antes de embarcar, não somos assegurados de um destino certo. Apenas pressentimos que estamos adentrando um campo tão vasto e fluido quanto o oceano, pois, embora estejamos frente a frente com amostras de matéria sólida, somos atravessados por sensações, memórias e sentimentos que fazem parte dos estados mais líquidos do ser.

Há uma imagem que faz a função de âncora para a compreensão do conjunto do trabalho: o detalhe do casco da embarcação com a escala métrica que indica o nível da água – e que parece medir também a nossa capacidade de imersão no campo sugestivo da contemplação – nos dá a segurança de estarmos num porto. Esse porto é nosso ponto de partida para a apreciação das composições abstratas através das quais Sonia Meilman recria suas intrigantes "paisagens marinhas".

Baseando-se na lógica do espelhamento, a artista constrói suas cenas como quem estabelece marcos de referência num itinerário cartográfico. Passeando através das superfícies oxidadas, encontramos padrões ricos e sutis de cores e texturas. As duplicações simétricas criam configurações que ora se apresentam como um aspecto da destruição, ora nos revelam a força contida na esperança de uma nova possibilidade. Às vezes são férteis e delicadas, outras vezes, ásperas e desérticas. Às vezes, desfocadas, como se vistas através da neblina, outras, minuciosamente definidas, como as sombras de um dia de sol. E assim, vão contando histórias – ou lendas – dos tempos passados no mar. Essas imagens de desgaste dão à matéria bruta o aspecto de um ser vivo, de um organismo adaptado ao seu habitat natural. Chapas de ferro ou cascos de madeira, corroídos pela maresia, marcados pelo batimento das ondas, pelo fustigar das tempestades, manchados de óleo que, como ungüentos, sobrepõem-se às feridas deixadas pela remoção das cracas, pelo roçar dos rochedos submersos, pelos choques e atritos inevitáveis dos obstáculos encontrados pelo caminho.

E é aí que essas "histórias-lendas" se transformam em nossas próprias memórias: nesse ponto da viagem, já estamos em mar aberto, entregues por completo às vagas da imaginação que nos faz mergulhar em nossas imagens interiores, ou que projeta para fora aquilo que temos dentro. Rendemo-nos de vez à ilusão especular que faz com que nos flagremos "vendo coisas": figuras humanas, máscaras ou monstros, insetos ou outros bichos, flores ou mandalas, enfim, todo um repertório imaginário que pode ser tão extenso, ameaçador, ou gratificante, quanto são diversos nossos estados de ânimo, de espírito, nossos medos e desejos, os sonhos nossos de cada dia...
Simone Rodrigues


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