| Sergio Fingermann - Pausas |
São15 telas inéditas e pertencem a duas séries produzidas em 2005 e 2006, com tamanhos distintos, 1,30m x 1,70m, e 1,20m x 1m. Integrarão ainda a mostra oito pinturas sobre papel, em pequeno formato, e um álbum de gravuras aquareladas.De uma forma lírica, Sergio Fingermann busca discutir o papel da pintura como exercício de reflexão, tanto do ponto de vista do artista, como do espectador. “Vivemos tempos de urgências”, diz, ressaltando a importância das pausas, da contemplação, do silêncio como recurso fundamental para se observar o sentido do processo. “De vez em quando precisamos parar no acostamento, para apreciar melhor a paisagem”, afirma. Para ele, este é um caráter político da pintura, de resistência a um sistema que obriga “a triturar e a digerir todo e qualquer tipo de informação”. “Não tenho uma intenção literária, mas a de estar atento ao olhar que está retido ali”. “É desse lugar, dessa experiência, que surge o testemunho do que o pintor vê”, afirma. A busca é por um estado oposto ao da alienação, “um estado de vigilância”.
Com uma trajetória consolidada na arte contemporânea brasileira, Fingermann, um paulistano nascido em 1953, sempre se ocupou com a bidimensionalidade, fazendo pinturas, desenhos e gravuras. Ele atribui à arte um papel fundamental no acesso à reflexão, “um instrumento de responsabilidade social”. “A arte não é esclarecimento, e sim contato, um tipo de pensamento que nasce da elaboração da sensação”, diz. Uma de suas preocupações é na formação do olhar artístico, em que estão envolvidos vários participantes: instituições, críticos, imprensa e, claro, o próprio artista. Com exceções, ele vê mais informação do que adensamento no circuito artístico. “O trabalho conceitual está instalado no real, e arte precisa guardar um lugar do que é extra-ordinário”, provoca.
Rio de Janeiro - setembro - 2006
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