| Sergio Andrade - Pinturas recentes |
A experiência sensível na concretude da pintura de Sergio Andrade
"(...) Em toda a arte a tarefa do artista é tornar as formas e as cores vivas e capazes de despertar emoção" - Piet Mondrian
A pintura de Sergio Andrade continua a cumprir a tarefa de despertar emoção, e retorna enriquecida pela experiência acumulada ao longo de sua trajetória como designer. Depois de longa hibernação ela volta a ser apresentada ao público, fruto de pesquisas atuais do artista, trazendo-nos de volta a presença do objeto em sua concretude, na força decorativista com que emerge e se instaura na superfície do suporte. Percebe-se, então, uma narrativa não linear na obra apresentada e que, de algum modo, nos conta sobre brilhos de azulejos, cores e formas, revelando motivos rebatidos, possibilidades de continuidade, fragmentações caleidoscópicas e revestimento de superfícies. A cor é definida e delimitada, sem permitir quaisquer ilusões. Ela vibra em harmonias de contraste enquanto se enclausura nas formas geométricas que estruturam a composição. Algumas vezes a existência de volumes nos remete ao espaço; em outras ele é abolido ou sutilmente dissimulado.
A pluralidade de soluções sinaliza a versatilidade do artista que em algumas obras nos apresenta paisagens geométricas e espaços metafísicos, sem romper com o compromisso construtivo e o projeto de uma pintura que se fez objeto. Em outros casos o que se verifica é uma secreção proveniente do desenho de jóias, que não estão representadas, mas se deixam revelar nos brilhos, no ornato e no preciosismo das formas.
Sergio Andrade trabalha a figura em estilizações decorativistas, mas o primado de sua pintura está no abstracionismo geométrico. Neste percurso o artista cumpre a tarefa descrita por Piet Mondrian, pois suas formas e cores vivas se tornam capazes de nos suscitar emoção. O olhar se enriquece na profusão destes elementos que renovam a experiência sensível de cada fruidor e, a partir deste momento, se constituem como objetos concretos e permanentes em nossas consciências.
Angela Ancora da Luz - Diretora da Escola de Belas Artes - UFRJ - Historiadora e Crítica de Arte.
Sergio Andrade
Sonho e Exatidão
Desde os seus primeiros desenhos, que pude ver quando ele ainda se iniciava sob a orientação instigante de Ivan Serpa, Sérgio Andrade impunha uma marca própria, certeza de que estava destinado às tarefas da expressão. Paisagens fantásticas se abriam naqueles reduzidos retângulos de papel, como um preparo de percurso para as coisas que estão por vir, que estão vindo, primeiro na imaginação, mais tarde na realidade concreta, já muito próximas, prestes a dar corpo à nebulosa; não eram bem cidades, nem campos, nem águas, mas formas participantes do ar, levitações de objetos estranhos, embora plausíveis, pedaços de matéria longinquamente capazes de serem reconhecidos: figurações de um sonho prospectivo.
Sonho, sim, porém exato, meticuloso, severo na sua formulação. Daí, desde logo, a inadequabilidade do rótulo de surrealista para definir a intenção e o trabalho de Sérgio Andrade. Apesar da interveniência onírica, as geometrias, derivadas de racionalizações do futuro visual humano, é que o preocupavam. Nada ali provinha do fluxo aleatório do inconsciente, preferindo, pelo contrário, que uma mecânica de equações se impusesse como determinante.
E isto se aprofundaria, em tempos mais recentes, com a prática profissional do, designo Do desenho, Sérgio passa à pintura, amplia as dimensões do su¬porte, encontra nas superfícies chapadas um veículo hábil para a elaboração de luminosidades metálicas e de ilusões tridimensionais interpenetrantes. Os restos de figuração pouco a pouco vão cedendo lugar a jogos purificados de formas geométricas, ainda que, por trás de tudo, sempre permaneça, latente, a necessidade do mundo, a vontade de criar a partir do que já está criado. Tudo se comporta, no entanto - na pintura atual de Sérgio Andrade, e no seu novo desenho, agora muito mais especificamente gráfico e independente - como um problema que precisou ser resolvido a régua e cálculo, já que o sonho não se corrompe nem se atenua quando para traçá-Io se faz uso da exatidão.
Roberto Pontual
Scorpios | ast | 100x100cm | 2006
Homenagem | ast | 130x130cm | 2005
Sunrise | ast | 92x120cm | 2005
Na selva das cidades | ast | 130x130cm | 2004
Variação do vaso de flores I | ast | 100x100cm | 2004
Caleidoscópio | ast | 90x90cm | 2005
As sete luas de Marte | ast | 92x100cm | 2004
Bauhaus | ast | 100x130cm | 2004
Variação do vaso de flores II | ast | 100x130 | 2004
Snoopy | ast | 100x90cm | 2005
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