| Rommulo Vieira Conceição |
Jovem artista que demarcou forte presença em 2011 na 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre) e em “Agora/Ágora”, coletiva de elenco internacional onde seu trabalho SuperCinema foi o núcleo da mostra, realizada pela curadora Angélica de Moraes para o Santander Cultural de Porto Alegre, Rommulo Vieira Conceição chega ao circuito expositivo de São Paulo com um conjunto de peças que frisa com nitidez a qualidade e o frescor de sua produção, em sintonia criativa com as novas linguagens da escultura e da fotografia contemporâneas.
Rommulo foi selecionado no Edital Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 para realizar a presente exposição, denominada “Através, Cuidadosamente”. O título vem da série fotográfica inédita “CarefullyThrough”, iniciada em 2009 na Finlândia e concluída em 2011 na Argentina. A mostra é composta ainda pela inédita escultura/instalação “Estruturas Dissipativas”e pelo objeto “Entre”, de 2011, que participou da 8ª Bienal do Mercosul.
A obra de Rommulo é tributária de uma ampla vivência internacional. Desde 1998 ele realiza individuais, coletivas e residências no Brasil, Argentina, Austrália, Japão e Finlândia. Participou de Rumos Visuais Itaú Cultural (2006) e foi premiado pela Funarte (Fundação Nacional de Arte, órgão do MinC) em 2009. Nascido em Salvador (Bahia) e residindo atualmente em Porto Alegre (RS), faz dialogar em seus trabalhos as duas vertentes de sua formação: o doutorado em Geociências e o mestrado em Poéticas Visuais (Instituto de Artes), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É representado em São Paulo pela galeria Casa Triângulo
Reunindo arte e ciência, Rommulo investiga os fenômenos de percepção e codificação do espaço em diversos meios: instalação, fotografia, objeto, escultura e desenho. Para sua exposição na Funarte/SP, as curadoras Angélica de Moraes e Bruna Fetter reuniram fotografias, objeto e escultura/instalação cujo eixo é a análise dos fenômenos de percepção ótica e semiótica do espaço. Ou seja, a investigação do modo como o espaço pode ser percebido e representado, assim como a simbologia que gravita em torno dessa percepção, potencializando a leitura e escavando nela uma dimensão poética.
As fotografias investigam a noção de visão panóptica, ou seja, aquele olhar totalizador que consegue abranger, de um único ponto de vista, toda a cena a sua frente. As imagens de interiores obtidas por Rommulo nos sóbrios espaços finlandeses e na atmosfera carregada de memória da Argentina nos provocam a reunir e interpretar indícios da personalidade e da história dos habitantes (nunca representados) daqueles espaços.
O objeto e a escultura/instalação, conforme o texto da curadoria, “promovem um rebatimento dessas questões panópticas para a tridimensionalidade, gerando arquiteturas impossíveis. Nesses trabalhos, observa-se a influência da escultura unmonumental, ou seja, a escultura contemporânea que se faz em oposição aos critérios tradicionais dessa expressão milenar. Não há monumentalidade, não há afirmação de certezas pétreas. As obras de Rommulo refletem a perplexidade com a fragmentação do entendimento de mundo deste século 21”.
Assim, o objeto “Entre”, ambíguo desde o título, é formado por três portas entreabertas de vidro e madeira laqueada nas cores verde e vermelha, dispostas paralelamente e deslocadas entre si por uma pequena distância. O vidro e a superfície laqueada das portas são capazes de refletir todo o espaço e essas mesmas portas nas suas próprias superfícies. “Neste momento, espaço e objeto se fundem e se sobrepõem num mesmo local, gerando opacidades e indagações”.
A peça central da exposição é a escultura/instalação “Estruturas Dissipativas/Balanço”. Conforme o texto curatorial, esse trabalho “mistura as fronteiras entre escultura, arquitetura e design de objetos, embaralhando espaço público e privado. A obra é composta por fragmentos de paredes, gavetas, revestimentos diversos e objetos do cotidiano caseiro. O protagonista é um balanço, utilizado pelos visitantes para ampliar o entendimento do que propõe essa máquina de entender o espaço complexo do século 21 e nossa vivência nele, cheia de percepções transitivas, momentâneas”.
Rommulo Vieira Conceição é um artista visual que trabalha com diversos meios, como instalação, objetos, escultura, desenho e fotografia, explorando a percepção do espaço contemporâneo e as relações do homem contemporâneo no espaço. Nasceu em 1968, em Salvador/Bahia, onde começou seus estudos em artes sob a orientação da artista Célia Prata, no atelier da artista. Desde 2000 reside em Porto Alegre/RS, onde teve orientação artística de Jailton Moreira, no Espaço Torreão; e onde desenvolveu seu mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Desde 1998 vem realizando exposições individuais e coletivas, além de residências artísticas no Brasil, na Argentina, na Austrália, no Japão e na Finlândia. Em 2006 participou do Rumos Itaú Cultural com o trabalho Quarto-Cozinha (2005/2006) no qual sobrepôs um quarto e uma cozinha, ambos totalmente operacionais. Em 2009 realizou uma exposição individual em Ekenäs, na Finlândia, onde iniciou uma série de desenhos monocromáticos. Em 2011 Participou da 8ª Bienal do MERCOSUL, no mesmo ano em que participou da exposição Agora/Ágora, no Santander Cultural de Porto Alegre, com o trabalho SuperCinema, onde construiu uma sobreposição de um cinema e um supermercado, ambos no mesmo local e totalmente operacionais. Entre os anos 2009 e 2010 fez parte do grupo “Pessoal” envolvendo dois artistas Chilenos e uma artista Argentina. Ganhou alguns prêmios, dentre os quais Rumos Itaú Cultural (2006), FUNARTE (2009 e 2012); PIPA (2010, 2011) e foi indicado duas vezes ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2010 e 2012). Atualmente, mora e trabalha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e em Salvador, Bahia. É representado pela Galeria Casa Triângulo de São Paulo.
By George Patiño

Rio de Janeiro 2012


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