| Rodrigo Paglieri |
Passagem de Som, uma instalação de áudio do artista plástico Rodrigo Paglieri, ocupa a Marquise do Complexo Cultural Funarte, em Brasília. A mostra convida o público a refletir sobre as relações entre arquitetura, urbanismo, o homem e o espaço da cidade modernista. O trabalho abre o ciclo de exposições do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011 - Atos Visuais Funarte Brasília.
Segundo o artista, a marquise do Complexo traduz o projeto arquitetônico e urbanístico modernista, em toda sua extensão. Rodrigo explica que, como é típico dos espaços urbanos abertos de Brasília, a marquise é também um lugar originalmente construído para receber poucas pessoas, ou até mesmo nenhuma. A partir desta característica, marcante na realidade urbana de Brasília, Passagem de Som abre um debate sobre a percepção da presença humana no espaço público.
Para este trabalho, o artista embutiu um sistema de som na estrutura de concreto da marquise, para conseguir reproduzir a soma de sons que caracterizam a presença humana nos grandes centros urbanos, obtida a partir de passos, vozes e outros ruídos gravados. O efeito, segundo Rodrigo Paglieri, é uma “cacofonia sonora”, e acusa a presença de alguém que não se vê e, ao mesmo tempo, configura a existência de outra paisagem não vista, mas sentida. O objetivo da obra é impor ao espaço arquitetônico do Complexo Funarte Brasília um ritmo urbano que não lhe é caracteristico. “Trata-se de transformar o espaço sem mudar sua arquitetura, fazendo isso apenas através do registro sonoro - a marca da passagem do homem” define o artista.
Rodrigo Paglieri nasceu em Santiago do Chile e vive em Brasília desde 1988. É mestre em Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília e tem desenvolvido seu trabalho em duas direções: uma para galeria, através da produção de objetos, acionados por mecanismos, e da criação de videoinstalações; e outra de intervenção urbana, linguagem com a qual trabalha há 11 anos. O artista participou, em 2011, da mostra Aberto-Brasília, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), na Capital Federal; em 2010, das exposições Tékhne, na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo; Brasília Síntese das Artes no CCBB, Arquivo Brasília no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça e Aos Ventos que Virão, no Espaço Cultural Contemporâneo, em Brasília. Em 2009, ganhou o primeiro prêmio do IX Salão de Arte Contemporânea do Iate Clube de Brasília. Em maio de 2008, fez parte do evento Fora do Eixo, promovido pela Funarte, em Brasília, com a intervenção urbana Obra Limpa II. Naquele mesmo ano, apresentou Obra Limpa III e IV, na Semana Pernambucana de Artes (SPA) e no evento Corpocidade, em Salvador (BA).

Rio de Janeiro 2011


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