| Regina Silveira | LUZZUL |
A poética dos direitos da luz!

O CCTelemar (que cumpre o enunciado de unir passado e futuro no presente, na verdade, em sua diáfana arquitetura, como de um útero faz nascer o futuro do passado), exibe as elevadas poéticas da artista visual Regina Silveira que conclama luz, espelhos, hi-tec, esferas e cubos (brancos) para, com suas instalações, conferir concreta concretude - massa e volume, presença que transcende o trompe l'oeil - à luz que azul reluz e ainda à sua ausência, a negra escuridão. Fecundo diálogo entre o virtual e o real. - Alle Kunst.


A exposição “Luz Zul” traz trabalhos inéditos de Regina Silveira, artista que ocupa um lugar de destaque na busca de novas linguagens dentro da arte contemporânea. Com sólida carreira, Regina Silveira, está em permanente movimento de reinvenção, ao se apropriar de meios tecnológicos que resultem em novas experiências estéticas. Passando pela pintura, gravura e desenho, ela trabalha com fotografia, vídeo e meios eletrônicos e digitais.

“Luz Zul” vai ocupar o quarto andar do Centro Cultural Telemar com três instalações: Lunar, Pulsar e Double. Além disso, a obra que dá título à exposição, Luz Zul, ocupará a fachada de vidro da entrada do Centro Cultural Telemar, em um jogo de luz e espelhamentos. O público ficará envolvido por uma poética e lúdica impregnação de luz azul, onde poderá ser lida a palavra LUZ em duas direções. Na fachada de vidro da entrada a palavra será lida como LUZ; no interior do prédio, sua projeção será lida como ZUL.

Lunar consiste de uma videoinstalação realizada em colaboração com Ronaldo Kiel e música de Rogério Rochlitz. Inédita no Rio de Janeiro, esta obra faz parte das reflexões plásticas que Regina Silveira tem desenvolvido ao longo dos anos sobre a questão da esfera. Em Lunar, o diálogo é feito entre duas esferas virtuais. “Como em um balé de duas esferas-luas a se desdobrarem no espaço cósmico. A artista consegue, através da imagem simples e fundamental da esfera, criar um espaço onírico de imantação entre arte e tecnologia”, ressalta Marcio Doctors.

Pulsar, obra fiel à poética da luz, é definida pelo curador da mostra “como um Hai-Kai de luz”. Obra de pequenas dimensões, Pulsar transforma uma caixa de fósforos corriqueira em um universo portátil de estrelas. “É um quase-sonho infantil de guardar estrelas no bolso e fazê-las surgir como em um passe de mágica”, diz o curador.

Em Double, o que está em jogo é a relação entre o real e o virtual. Esta obra é composta de dois cubos: um de madeira e outro de luz. Entre eles uma sombra que os junta, “questionando-nos a respeito do limite entre essas duas realidades com as quais o homem contemporâneo convive”, observa Marcio Doctors.

TÉCNICAS ELETRÔNICAS E ARQUITETURA: INTERESSE

No conjunto de suas obras recentes, Regina Silveira destaca duas vertentes: “a que atualiza investigações sobre os novos recursos de produção de imagens por técnicas eletrônicas” e “a que deriva de meu crescente interesse pela arquitetura, em termos dos seus próprios códigos tradicionais de representação ou de obras concebidas especialmente para espaços arquitetônicos determinados”, explica.

Dentre as obras de Regina que envolvem técnicas eletrônicas está "Super Herói (Night and Day)", realizada inicialmente na Avenida Paulista em São Paulo (1997), e depois em Buenos Aires (1999) e San Juan de Puerto Rico (2000). A obra era composta da projeção luminosa em raios laser e a colagem de uma sombra de grandes dimensões, em vinil, sobre a fachada de um edifício. Em "Transit" (2001) é a projeção luminosa da imagem de uma mosca gigante efetuada por um projetor montado em veículo aberto e em deslocamento por São Paulo (1997), Curitiba (2002) e Porto Alegre (2003). “A mosca foi uma espécie de versão trash do “Super Herói”, explica Regina.

O interesse da artista pela pesquisa sobre a esfera surgiu quando ela esteve no Museu de Arte Contemporânea de Monterey (MARCO), no México, projetado em 1990 pelo aclamado arquiteto mexicano Ricardo Legorreta, que inseriu uma esfera de concreto que se equilibra no alto do ângulo das paredes que encerram os espaços expositivos. Na época, Regina planejou a obra ambiental “Todas las noches”, ainda não realizada.

A luz tem sido, nas palavras da artista, um "eixo de reflexão poética” em seu trabalho. Recentemente, ela realizou as exposições “Claraluz”, no CCBB SP (2003), e “Lumen”, no Museu Reina Sofia, em Madri (2005), que reuniram conjuntos de obras específicas aos espaços arquitetônicos que ocuparam. “Nestas duas exposições, conectadas conceitualmente, a exploração de recursos técnicos e estratégias de montagem permitiu investigar novas formas de operar com a luz como um revestimento incorpóreo, capaz de transformar a percepção e a experiência de grandes espaços de forte presença arquitetônica”, observa Regina.

A exposição no Centro Cultural Telemar tem o mérito de mostrar ao público carioca o trabalho recente da artista, que vem representando o Brasil nos principais museus e casas de cultura internacionais. No Rio, Regina Silveira participou de mostras como "O Espírito de Nossa Época”, no MAM, em 2001, "Artefoto”, no CCBB, e “Caminhos do Contemporâneo 1952-2002”, no Paço Imperial, ambas em 2002. Em 2000, na mesma tônica de explorar a luz como acontecimento, mostrou no Parque Lage a instalação "Equinócio", onde uma grande esfera em madeira, metade branca e metade negra, arrasta consigo a sombra que desce da rosácea aberta no alto de uma das paredes dos espaços de exposição. Sua última individual na cidade foi “Dobras”, em 2001, no Paço Imperial.

Rio de Janeiro - 2006.


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