| Regina Lyra - Vão da Palavra |
Regina Lyra nos apresenta agora sua sétima publicação em livro: Vão da Palavra, poesia, pela Editora Universitária da Paraíba (UFPB). A obra coroa, em 2011, o êxito da autora nas diversas formas de criação poética. Êxito que a fez merecedora de reconhecimento, em vários Estados da Federação.
Vão da Palavra conta com o prefácio do aplaudido poeta, crítico literário Tanussi Cardoso (RJ). Entre outras observações, ele afirma:
A autora possui o poder da concisão. Com o grande mérito de nunca ser prolixa, Regina Lyra constrói uma poesia etérea, difícil de ser catalogada ou classificada. Simples e, ao mesmo tempo, profunda. Em sua quase totalidade, são poemas pequenos, construídos em versos curtos; trabalhados em elipses, silepses, cortes e “nós”. Como se pensamentos soltos, embaralhados, causadores de certa estranheza em seu total entendimento; unidos, tantas vezes, pelo silêncio, que, ao leitor, cabe preencher.
Esse “clima” cria um estilo próprio, único, como se a poeta, de forma proposital, desejasse causar certo desconforto na leitura, com versos que, muitas vezes, parecem cifrados, fora de contexto, desconectados uns dos outros; principalmente, nos términos de alguns poemas. O que a autora deseja com essa construção é dessacralizar o que pode haver de peso ou drama nos versos que antecedem os seus finais. Regina Lyra foge do final-padrão, com versos em crescendo, ou com versos que coroem o encadeamento lógico do poema. E essa característica é uma singularidade de sua poesia. Ela é avessa ao barulho, ao poema-ópera. Seus poemas se interrompem como se interrompe uma conversa com amigos, quando uma fala se coloca e se interpenetra na outra. No “vão da palavra”. Sem perguntas, porque há sempre uma lacuna entre o que se diz e o que realmente se quer dizer, lembrando o Fingidor, de Pessoa. Regina Lyra brinca de esconde-esconde com o leitor, conversa com ele, não o assusta. Quer tocá-lo com as palavras mais simples, não com o grito. Prefere o jeito sincero e sensível. E consegue.
Em sua poesia – extremamente feminina – o fazer poético consegue equilibrar, somar lirismo e vida; quase sempre, com grande felicidade. Obtém, portanto, uma poesia profundamente humana. E o faz com categoria, emoção e razão. Assim, Regina Lyra não foge de suas tradições, de suas raízes literárias e poéticas (suas várias leituras e vozes). E imprime em seu trabalho um encantamento ilusório, um estranhamento ao que já foi dito e lido. Nota-se um afastamento crítico de certa literatura oficial. Há um aprofundamento dos versos; quase sussurros... Coloquiais, feitos de silêncios. Aspecto que confere à sua poesia uma vitalidade expressiva, que a torna singular na literatura brasileira. Ela alcança o que poucos alcançam: uma poesia reflexiva e coerente. Uma poesia comovente!Rio de Janeiro 2012
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