| Raimundo Rodriguez - Sonhos |

O construtor de oníricas catedrais

©Allexandros Papadopoulos Evremidis*

Impactado, de cara, despertei o cara - o Raimundo - do sonho que acordado ele sonhava e renomeei sua megainstalação para Catedral (tornei-a assim clássica sem lhe substrair a rigorosa contemporaneidade) e até disse-lhe que, ateu, depois de testemunhar sua criativa narração, corria o assumido risco de "miraculosa" conversão.

Disse-lhe também que ele cumpria a premente e literarl tarefa de, de fato e de direito, e literal e metaforicamente, ocupar os espaços. No caso, da bimodular galeria cujas paredes ele vestiu e revestiu.

Coloridas luzes incessantes piscam, pirilampos convidam, seduzem, colorem. É também um circo mágico?! Um cabaré?! me pergunto e lhe digo que nunca vira aquele espaço tão bonito, tão vibrante, tão vivaz. Tão repleto de fantasia e imaginação. Tão... sonhador! Sim, ele foi feliz na escolha da pia.

Simples e despojado, Raimundo ouve, sorri feliz, ciente e consciente. Sabe ter feito o que lhe cabia fazer e o fez muito bem feito. Tudo para nos acolher em seu casulo e envolver com clima e aura. No acalantar e fazer sonhar... mais sonhos. Diante de muita hagiografia, perguntado se religioso e ele se declara espiritualista. O que vem isso a ser? Força de expressão. Espirituoso e bem-humorado, sim, indubitável em todo caso e questão. A questão é que tudo que no mundo está, não importa se no jardim, na demolição, no descarte, no lixo, é meio e/ou é suporte. E o que é lixo? Lixo é convenção. Uma tampinha de garrafa, certo que não é nem nunca foi lixo - é peça de (belo) desenho industrial que, cumprida a função e assim desfuncionalizada, torna-se livre e independente. Por si e per se. Até ser amorosamente colhida por Raimundo e refuncionalizada. Seria revitalizada?! Apropriadamente apropriada, transcendida, virada obra de arte de elevada significação. De implicações com conservação de matéria e de energia. De preservação.

Ocorre-me luminosamente, um ícone em minha mente, ser necessário preservar o Raimundo - o Refinado Preservador. Sim, Raimundo, vasto é o mundo e mais vastos são teus conceitos e preceitos. Tua singela sabedoria. Se é certo que a arte necessita de mais inteligência, é também certíssimo que ela não deixe de sonhar. Acordada, sobretudo, e vendo estrelas - claro, em pleno dia. Dizer isso, soa kitsch. E o que é kitsch? Kitsch is cute! Raimundo é portanto kitsch e é cute.

Foto: detalhe by Marco Rodrigues

Rio de Janeiro 2007

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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