Paulo Paes
A mostra revela a arte dos balões, através de esculturas infláveis, resultado de uma pesquisa do artista plástico sobre balões de papel de seda e do seu contato com baloeiros das zonas Norte e Oeste do Rio.
Contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2010, da Fundação Nacional de Artes, “Pneumática” mostra o trabalho individual de Paulo Paes que constrói, pacientemente, gomo a gomo, suas esculturas. Para o presidente da Funarte, Antonio Grassi, ao conceder esse prêmio a artistas que valorizam a cultura popular, a Fundação Nacional de Artes estimula a multiplicidade de linguagens e tendências em suas mais variadas modalidades de manifestação, contribuindo para a difusão, o fomento e a reflexão das artes visuais.
Ao se apropriar das bases técnicas da arte dos balões, Paes mergulha nas questões puramente espaciais e pictóricas envolvidas, criando objetos infláveis, de caráter efêmero, feitos em papel de seda, dissociados da função original de artefato voador. Seus balões são seguros, pois não usam fogo para serem inflados e não voam. São esculturas de escalas variadas, insufladas por ventoinhas, que ao se encherem de ar ganham volume, adquirem peso e ocupam um lugar no espaço, sempre em nome de uma potência estética que se dá nas relações e na vibração das cores.
Desse modo, “Pneumática” resgata e preserva fundamentos tecnológicos e elementos visuais de uma tradição enraizada na memória coletiva que está ameaçada de extinção, por causa dos riscos que a atividade de soltar balões representa. A exposição cria, assim, uma alternativa para a sobrevivência dessas matrizes culturais populares, através de uma produção autoral de arte contemporânea.
A vivência com o balonismo, onde foi mais espectador e pesquisador do que membro efetivo de uma confraria, possibilitou a Paulo Paes uma liberdade de expressão e associação mais extensa. Sua afinidade imediata foi com as técnicas e os materiais utilizados. Além disso, a abordagem estética era bastante similar a algumas coisas que o autor trazia na memória: a visualidade oriental, o lançamento executado como em um ritual, as sutilezas da engenharia, o êxtase coletivo provocado pelo balão como objeto estético.
Paulo Paes nasceu em Belém do Pará, onde viveu até os 17 anos. Em 1978, mudou-se para o Rio de Janeiro, ingressando na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde permaneceu como aluno e, posteriormente, como professor até 1992. Participou de diversas exposições individuais e coletivas. Em 1992, concebeu e coordenou, em parceria com Ricardo Basbaum e Ricardo Sepulveda, a exposição coletiva ”Eco-Sensorial”, no Rio de Janeiro. Em 1991, foi selecionado para expor na 21ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1984, participou da coletiva “Como vai você, geração 80?”, no Rio de Janeiro.

Foto Rodrigo Braga

Rio de Janeiro 2012


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