| Oscar Araripe |
Artbook “OSCAR ARARIPE” TRAZ TELAS e reflexões de um artista-escritor
Carioca, radicado em Minas Gerais, Oscar Araripe lança livro com biografia comentada, telas de duas importantes fases de sua pintura e comentários filosóficos sobre arte e vida
Com cerca de 100 exposições realizadas, majoritariamente individuais, no Brasil e no exterior, Oscar Araripe, mantém estúdio e galeria há vinte anos em Tiradentes, onde orienta uma Fundação cultural com seu nome, lança e autografa sexta-feira, 30 de março, na Livraria Cultura, CasaPark Shopping, em Brasília, livro sobre sua trajetória profissional, dando seqüência aos lançamentos em Belo Horizonte e Rio de Janeiro e São Paulo –, cidades com as quais mantém forte vinculação inspiradora e onde residem milhares de admiradores e colecionadores.
O slogan na contra-capa do livro – “uma valiosa seleção de imagens e textos de um renomado e excêntrico artista atemporal” – antecipa a essência luxuosa do projeto editorial, concebido pelo próprio artista com a esposa, Cidinha Araripe, amigos e colegas. Com projeto gráfico de Clarice Laender e versão bilíngüe (português-inglês) de Robert Ballantyne, o livro reúne biografia ilustrada e duas importantes fases de sua pintura, “Flores” e “Os Pilares” (pertencentes a coleções públicas e particulares), além de textos autorais provocativos e depoimentos críticos de renomados intelectuais brasileiros, como a apresentação crítica de Alexei Bueno.

O artista
A despeito de ter se formado advogado e atuado como escritor e jornalista cultural por uma década, no Correio da Manhã e no Jornal do Brasil, Araripe tornou-se pintor profissional nos anos 1980, quando deixou o Rio de Janeiro para viver em exílio semi-voluntário em Minas Gerais, no vilarejo mineiro de Mirantão. Antes, entre os anos 1960 e 70, envolvido na resistência democrática decorrente do golpe militar de 1964, viajou algumas vezes para fora do país (aos Estados Unidos, Europa e China), dando início à curta carreira no teatro (como crítico e autor) e na literatura, com a trilogia Maria, Marta e Eu, e com a publicação do ensaio “China Hoje - O Pragmatismo Possível”, em 1974, alcançando grande sucesso de vendas e de crítica.
Desta experiência, restou a reflexão filosófica e a prática da escrita que hoje, reunidos à pintura, resultam em conteúdo significativo sobre sua pintura, sua vida e trajetória artística. Além de colaborar na elaboração da própria biografia, Araripe escreveu comentários poéticos e filosóficos sobre a arte e a vida às séries de telas selecionadas para o livro. Na abertura de “As Flores”, ele comenta: “Escritura e pintura sempre existiram no meu cotidiano. Às vezes separadas. Às vezes, juntas. Nesta seleção de imagens florais e subjetivas, que compõe este livro, gostaria que elas continuassem juntas e, também separadas.” (veja outros comentários no arquivo anexo). Em “Os Pilares” justifica o fazer literário reunido ao artístico: “... creio poder com a obra (que chega a 1200 imagens) prestar um serviço à preservação da memória pessoal e da criação artística, ... já que a preservação do passado, ainda que tão-só imaginado, é a maior garantia de permanência da arte atual e futura”.
Dessa forma, o livro resulta em obra valiosa sobre a arte e o pensamento do artista, evidenciando traços de sua trajetória artística e de sua história pessoal, que podem ser sentidos e apreendidos por meio das telas reproduzidas – leves, novas, delicadas, coloridas e espontâneas –, pelos comentários de cunho filosófico e, claro, pela reunião dos dois – pintura e texto, à escolha do leitor/apreciador.

Biografia
Na primeira parte do livro – Uma Cronologia Inacabada –, Araripe conta fatos marcantes de sua vida e trajetória artística, de seu nascimento na casa dos avós maternos na Tijuca, Rio de Janeiro, ao dias de hoje, apresentando sua biografia por décadas.
Assim, em 1940, situa seu nascimento a partir da ascendência ilustre de seus avós, relembrando as brincadeiras de garoto do subúrbio carioca de Encantado, que inconscientemente acabaram por motivá-lo a se tornar pintor.
Entre 1950 e 60, narra episódios conturbados de sua juventude como aluno da Faculdade Nacional de Direito (iniciada em 1964, ano em que ocorre o golpe militar no país) e militante político envolvido com a resistência democrática, cujas perseguições políticas o levaram a viajar aos Estados Unidos e também à Europa, época em que se inicia profissionalmente no teatro lá e aqui, no Brasil. Em 1968, é punido pela Censura Federal quando representava no Teatro Nacional de Brasília, punição que se constitui na gota d’água da famosa Greve do Teatro, única no mundo e na história do Teatro.
Nos anos 1970, atua como jornalista cultural e escritor ao publicar o ensaio “China Hoje – O Pragmatismo Possível” e seu primeiro romance, Maria na Terra de Meus Olhos”, até se isolar voluntariamente no remoto vilarejo mineiro de Mirantão e começar a pintar. Então, dedica a década de 1980 à pintura e a inúmeras exposições, que se estendem dentro e fora do país à década seguinte, tamanho sucesso alcançado – tanto de público, quanto de crítica.
Nos anos 1990, Araripe muda-se, então, para Ouro Preto e, três anos depois, para Tiradentes, onde reside, mantém estúdio e galeria de arte até os dias de hoje.
A partir de 2000, empreende viagens artísticas à Bahia e depois ao Ceará, onde pinta marinhas e se depara com a origem histórica de seus antepassados, notadamente, Tristão de Alencar Araripe e Bárbara de Alencar, heróis da Confederação do Equador, que retrata em telas diversas.
Ao voltar a Tiradentes, retoma a pintura da paisagem mineira, e principalmente da temática das flores, sempre de maneira alegre e inovadora, e, junto com sua esposa e amigos, institui a Fundação Oscar Araripe, que tem por objetivo cuidar da obra do artista e do desenvolvimento da arte e da cultura.

Rio de Janeiro 2012


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