| Nelson Augusto - Pinturas e pinturas |
Ôba! Outro possuído!
“A cor me possui. Não preciso ir à procura dela. Ela me possui para sempre, sei disso. É esse o sentido do momento feliz: eu e a cor somos uma coisa só. Sou pintor.” Paul Klee.
Trabalhos recentes em que utiliza dois diferentes procedimentos da pintura: acrílica sobre tela e colagem usando madeira e barbante. Os trabalhos apontam para uma correlação muito próxima entre a pintura, a ficção e a poesia. Pequenas caixas de madeira acondicionam papéis pintados, os “livros”, que fazem referencia a cor dos títulos e dos textos de publicações literárias.
As fontes de Nelson Augusto, que completa este ano 42 anos de carreira, são a arquitetura, a literatura, a paisagem e a música. Em seu texto, A biblioteca do pintor, a professora de literatura Vera Lins diz que as cores vem do poema, são traduções espaciais das palavras continuando um processo de tradução pictórica da escrita. Uma busca por algo que a poesia e a pintura podem dizer em comum.
“O que se busca talvez seja uma forma de organizar a cor. Estes papéis-livros transformam a escrita, um tipo de desenho, depuram sua cor e lhe dão outra forma. A cor que tinha uma referência, mesmo já rarefeita no seu rastro mimético pela apresentação que é o poema, fica mais distante ainda da representação, é a cor-luz de Klee, ‘independência apresentativa’ radicaliza-se a visualidade do poema, que, para os concretos, na esteira de Pound, já é verbocovisual, traduzindo-o em pura cor. Esta prática tradutória ou transcriadora a faz ver a cor da escrita, acentua o pictórico do poema”
Rio de Janeiro 2008
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