MOLLICA - "IMAGENS PLÁCIDAS"
O Rio de Mollica, sofrido e belo

As telas produzidas por Mollica nos dois últimos anos mostram paisagens do Rio de Janeiro parcialmente veladas sob camadas de tintas. A linguagem quase sempre expressionista, as pinceladas dramáticas e o colorido forte diluem o perfil do Morro Dois Irmãos ou o traçado da Praia do Anil, da Ipanema dos cartões-postais ou da baía como foi vista pelos pintores estrangeiros do passado. É um Rio sofrido e ainda belo que conserva suas referências poéticas nas palavras grafadas em tupi, nas frases pescadas de versos – o de Garota de Ipanema, por exemplo – ou de textos sobre a cidade.

São 50 acrílicas sobre telas, quadradas, de 20cm a 1,00 m. Os dípticos “Dois Irmãos Desencarnados” e “Cidade Nova” (com trecho do discurso de Coelho Neto em favor do bota-abaixo de Pereira Passos na virada para o século XX) medem 2,00 m x 0,90 cm. No quadríptico (quatro telas de 20 x 20 cm), que também chamou “Cidade Nova”, o pintor transcreveu trecho de um soneto do início do século lembrado no livro "O Rio de Janeiro de meu tempo" de Luiz Edmundo (de 1984). “Paû-ñd-açú”, “Litorâneo”, “Encarnação na Praia Vermelha”, “Veraneio” ou “Rio em Carne Viva” traduzem a idéia de como a imagem idealizada do Rio de Janeiro, historicamente a maravilha dos trópicos, vem sofrendo a erosão paulatina e brutal assistida dia-a-dia por seus habitantes.

Profundamente ligado à história e à geografia de sua cidade Orlando Mollica, nascido no bairro do Rio Comprido, há 58 anos, herdou o olhar romântico que marcou a obra dos pintores viajantes, especialmente dos naturalistas que por aqui estiveram entre os séculos XVI a XIX – o alemão Rugendas ou os franceses Debret e Taunay, o austríaco Thomas Ender, o inglês Emeric Essex Vidal ou o suíço Buvelot, que pintaram paisagens e cenas da cidade que os deslumbrou, plantada entre mar, montanhas e florestas. O artista sintetiza, no atual trabalho, os diversos tempos da memória carioca, utilizando-se de múltiplas técnicas, transparências, velaturas, inscrições, cores impactantes.

“Como pintor, reajo como um carioca comum, acompanhando, entristecido, a avalanche de problemas que aviltam a cidade, ao mesmo tempo acreditando que ela resistirá a tudo. Ainda enxergamos sua face, ainda vivemos num belo cenário. Trabalho nesse limite. No fundo da pintura abstrata e dramática lá está a paisagem que tanto amamos”. – conta Mollica.

Rio de Janeiro 2004


Para adquirir obras de arte, basta enviar Email - será encaminhado ao próprio artista ou ao seu galerista/marchand.

Artista, Escritor e +: ASSINE o RIOART e mostre suas criações aos qualificados leitores do Jornal e da Newsletter/InformArt enviada p/ jornalistas, galeristas, marchands, colecionadores, arquitetos, decoradores, críticos, editores, livreiros, leitores, produtores culturais, aficionados e afins: Email + 21 2275-8563 + 9208-6225


©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
Retornar ao Portal