Mauro Bandeira - teoria do erro
"O Erro como Princípio
Suficientemente distante da mera objetividade formal como única possibilidade de leitura, as imagens de Mauro Bandeira suscitam outras questões que terminam transbordando o escopo interpretativo gerado na imediaticidade da primeira vista. Muito além da concepção de carta planaltimétrica, que é em si uma representação planar de uma possível configuração tridimensional, as superfícies topológicas de Mauro Bandeira também poderiam nos remeter na direção do evento randômico. O jogo entre a previsibilidade lógica de um sistema e sua tendência natural ao descontrole, o aleatório, toma aqui, em tese, o centro da inclinação poética do artista.
Iniciar um trabalho neste caso, é para o artista um propósito disciplinar. Tal atitude tem como objetivo, enfatizar o campo de tensão que se instaura entre a tentativa do gesto repetitivo em reproduzir a reta ou ponto referência, e a constatação da impossibilidade que se apresenta no andamento. A aparição da imagem final sempre nega a intenção primeira. Preencher um suporte planar até a borda (ou o seu contrário) a partir de uma linha ou ponto relativamente rigorosos, é jogar com um campo de probabilidade onde tudo é possível e ao mesmo tampo não. As silenciosas imagens-superfície de Mauro Bandeira são, em verdade, testemunhos do caráter disciplinar de seu trabalho e da incapacidade humana à perfeição mecânica.
Mauro Bandeira com suas imprecisões multiplicadas redescobre no fazer metódico do atelier, a própria teoria do erro, e sua consciência, a posteriori, faz dela o seu princípio."
João Wesley / agosto de 2004
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