| Maria Laet |
"O que vive é espesso" é o título da segunda exposição individual da artista carioca Maria Laet em sua galeria A Gentil Carioca. Enquanto sua primeira exposição ("Eu fiz o nada aparecer", 2010) ocorreu na sede do centro da cidade, agora Maria ocupa a nova sede da galeria, localizada no bairro da Lagoa. A exposição, que inaugura dia 27 de setembro e vai até dia 17 de novembro, apresenta uma nova safra de trabalhos da artista a partir de desdobramentos das suas pesquisas e trabalhos anteriores.
Em "O que vive é espesso" (título retirado de um poema de João Cabral de Melo Neto, O Cão Sem Plumas), Maria Laet mantém sua capacidade pouco comum dentre artistas da atualidade ao escapar do aspecto espetaculoso e da necessidade de dialogar com grandes escalas de objetos e materiais. Seus trabalhos apresentados na exposição dão mais um passo além na sua relação poética com o mundo e os elementos da natureza, explorando com astúcia e inquietação suas forças e fragilidades em movimento permanente.
No lugar da dispersão da água sobre tecidos ou da aleatoriedade do vento que conduz o balão que desenha, referências presentes em alguns dos seus trabalhos anteriores, Maria agora encontra na solidez das pedras um espaço fresco para pensar esteticamente a passagem do tempo e a questão da superfície.
É no contato engenhoso de seu corpo com a lenta memória das pedras, é na relação de certa ideia pictórica com o aspecto efêmero do toque das mãos embebidas de tinta preta, é enfim na aposta da palavra como esse espaço que assim como as pedras e os corpos, passam através de nós sem notarmos o aspecto efêmero das coisas que a atual exposição de Maria Laet constrói seu local de potência e delicadeza, equilíbrio tênue porém vigorosamente instituído no espaço de sua galeria.
2012 tem sido um ano importante para Maria que teve obras expostas nas prestigiadas 18a Bienal de Sydney e na Someste House em Londres como parte da exposição ‘From the Margin to the Edge’. Maria também acaba de completar o Programa Independente da Escola São Paulo (PIESP) com diretoria de Adriano Pedrosa. Entre as exposições que participou no passado, destacam-se a individual ‘Desenhos de Ar’ (Centro Universitário Maria Antonia, SP, 2010 e as coletivas: ‘Natura e Destino (Galeria Riccardo Crespi, Milan, 2010); ‘TrAIN to Bad Ems’ (Galerie Nord, Berlin, 2009); ‘O Contrato do Desenhista’ (Plataforma Revolver, Lisboa, 2008); ‘Realidades Imposibles’ (Fototeca Juan Malpica Mimendi, Vera Cruz, México, 2008); ‘Paper Trail: 15 Brazilian Artists’ (Allsopp Contemporary, Londres, 2008); ‘Novas Aquisições’, Coleção de arte Gilberto Chateaubriand’ (MAM, RJ, 2007).
CURADORIA & TEXTO POR FREDERICO COELHO
Rio de Janeiro 2012
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