| Marcia Limani | Esculturas e objetos |
- Por procurar explorar a flexibilidade do material, acabo descobrindo novas formas e alcançando desenhos diferenciados. Agrupar trabalhos de diferentes períodos foi a maneira que encontrei de amarrar o meu percurso na arte e ilustrar o modo como o processo criativo vem se desdobrando ao longo dos anos, justifica Marcia Limani.
A série Discos é uma continuação do que ela vem fazendo. “Aquilo que eu considerava o mais simples no processo criativo tornou-se ainda mais significativo, e foi através dessa tomada de consciência que tenho desenvolvido a série. Misto do acaso e cálculo preciso, os discos mantêm-se em equilíbrio pelo simples contato um do outro. O cuidado, a união de iguais, manifestam um equilíbrio perfeito, e tão delicado que o mínimo toque pode perdê-lo”.
Dentro dessa proposta, Marcia Limani decidiu reeditar os Verticais, esculturas que, embora com quase dois metros de altura, são marcadas pela leveza, através da clareza e simplicidade do branco. Monocromáticas, feitas com tubos e placas de cerâmica e/ou de ferro, intercalam-se e empilham-se, uma a uma, num equilíbrio harmônico. Marcia apresenta, ainda, a releitura em pequenas dimensões do que chamou de Múltiplos Verticais, com 30 cm de altura.
Como não expõe em Niterói desde 1998, Marcia fez uma seleção especial para esta mostra. Assim, além das obras citadas, também poderão ser vistas telas feitas com placas de cerâmica raku, esferas, objetos de designer e, ainda, um conjunto de gravuras alusivo ao processo criativo e que complementa o que a artista vem criando.
Geometria Sofisticada
No princípio era o barro. E ele era moldável, tornava-se sensível à palma da mão. Sua germinação exigia instrumentos, não brotava simplesmente, emergindo do solo. Formas insuspeitadas foram surgindo do tato. Utensílios, objetos domésticos, complementos da vida.
Nas esculturas de Marcia Limani as mais simples conformações, tubos, esferas, quadrados, expressões de uma geometria elementar, adquirem o máximo de sofisticação. A medida das linhas e a superfície dos volumes é inusitada. Acopla-se ao ferro, o material é tratado, alisa-se, enruga-se, é lanhado, macerado, foscado. O que fica de tudo é uma sensação brancusiana de perfeição ou de sua procura. O branco a serviço da forma. O redondo e o vertical em convívio. As cores se recolhendo, envergonhadas. O preto em pequenas audácias. A mão, afinal, vitoriosa.
Texto de Rachel Jardim
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