| Luiz Lopez | Futebol: Arte em três tempos |
O risco à risca

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Ambigüidade na lei, na política e na vida pública em geral, sinaliza para enganação e engodo.

Na arte, ela desempenha vigorosa função instigante, como a nos dizer que as coisas não são o que parecem, ou o que, à primeira vista, nos dizem ser. Que ocultam leituras paralelas e subjacentes significados, mais próximos da verdade dos atos e dos fatos, dos eventos naturais e humanos.

É o que, inequivocamente, se depreende das felizes e estimulantes séries de Lopez que, com o necessário estranhamento, nos conduzem pelos seus três tempos - Campo Sagrado, que configura a sensibilíssima geometria do gramado e do estádio; República Futebolística do Brasil, que arrola bandeiras, troféus, selos e demais "fetiches"; e o premonitório de tão dramático Campo de Batalha (o da eterna prorrogação), aludindo à irrefreada violência aniquiladora (que, sente-se a todo momento, não se restringe apenas ao esporte).

Pairam assim sobre as lúdicas e pari passu enigmáticas obras, e também as permeiam, sutis e refinadas nuances de reflexão e crítica. Ao mesmo tempo em que exaltam, ironizam. E mais - alertam: estamos em um país potencializado, mas também partido socialmente, com algum progresso e outro tanto de esporte, mas sem a necessária eqüidade, sem a desejada (nenhuma) justiça social. Vivemos confrontados, em cada córner e diante da entravadas traves, com a morte súbita - de tiro, de doença, de fome, de descaso, de abandono. E pior - de crônica carência de educação e cultura, de ARTE!

Rio de Janeiro - junho - 2006

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail


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