Luciano Figueiredo - Dioramas e Muxarabiês
Um universo permeado por luzes e sombras. O novo trabalho de Luciano Figueiredo - uma continuidade das obras com recortes de jornais que o artista vinha produzindo - saltou das páginas de papel para as folhas de madeira em seu estado mais bruto. Como nos Dioramas (espetáculos de luz que antecederam a descoberta da fotografia) e nos Muxarabiês (espaços árabes onde “se pode ver através”), as recentes pinturas de Luciano são superposições de cores que brincam com o olhar e revelam sempre um pouco mais à segunda vista. A mostra na galeria Lurixs apresenta 25 destes trabalhos, produzidos entre 2002 e 2004.

“A pintura de Luciano Figueiredo é uma demonstração dessa capacidade de olhar o mundo, captar formas presentes no cotidiano, transformá-las numa operação poética de decantação de seus elementos mais saturados e devolvê-las aos nossos olhos numa nova ordem de planos e cores. Seus primeiros modelos foram as páginas de jornal e nada mais presente na vida urbana do que esses ícones da informação impressa”, lembra o crítico Paulo Sérgio Duarte em seu texto para o folder da exposição.

O trabalho de Luciano – que hoje divide seu tempo entre a produção artística e a direção do Centro de Arte Hélio Oiticica - sempre foi marcado por seu caráter experimental e interdisciplinar. O artista afirmou-se como expoente no movimento da chamada contracultura no Brasil na década de 70, através de realizações de cenografias para espetáculos de música, poemas visuais, projetos gráficos e da sua participação na histórica publicação Navilouca.

Luciano, que nasceu em Fortaleza em 1948, residiu em Londres entre 1972 e 1978, onde realizou estudos de história da arte e de literatura inglesa. Nesse mesmo período, iniciou sua pesquisa utilizando-se da página impressa de jornal. Essa pesquisa o levou, a partir de 1975, a construções de objetos tridimensionais com colagens, malhas de arames e relevos monocromáticos, presentes nas exposições que realizou desde 1984 em galerias do Rio de Janeiro e de São Paulo.

“Recentemente, as camadas de tinta se esparramam líquidas, mas sem nenhum exagero. Sem nenhuma vocação para o espetacular, apenas exercem, pela ação da gravidade, seu espalhar sobre camadas superpostas e sem inibir a presença da ordem anterior. Nem mesmo o suporte é inteiramente mascarado pelo pintor; a madeira, sua textura, sua origem orgânica, comparecem como elementos do trabalho numa presença formal que tem o mesmo estatuto das camadas pictóricas”, continua Paulo Sérgio Duarte.

A presença física do jornal como objeto quase não se vê mais na produção de Luciano. “A questão do espaço pode lembrar as páginas, mas elas não estão mais lá”, comenta o artista. Na mostra da Lurixs, o público ainda poderá verá um de seus poemas-visuais, um díptico em que ele utiliza o poema In the station of the metro, de Ezra Pound e fotografias de flores e silhuetas superpostas retiradas dos jornais. Mas na maior parte das novas obras, que tem tamanhos variados,  Luciano faz pinturas completamente planares e abusa das cores e transparências. A referência que fica no atual trabalho, na opinião de Paulo Sérgio, são os “retângulos e quadrados que um dia foram páginas de jornal”.

Rio de Janeiro 2004


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