Julio Lucio
Primeira exposição individual o artista espanhol radicado no Rio de Janeiro, Julio Lucio. O artista une a arte com tecnologia, uma tecnologia que não tem nenhuma utilidade prática além da própria arte.
Através de robôs, que interagem com o público de uma forma surpreendente e lúdica, ele questiona a função da tecnologia em nossas vidas e o que é realmente essencial. Arte é essencial.
Julio Lucio também une nesse trabalho duas áreas que por muito tempo foram consideradas distintas, até mesmo adversárias, a ciência e a arte, e nos remete a Leonardo da Vinci, que tratava a ciência e arte como duas faces de uma mesma moeda.
Julio Lucio apresenta uma tecnoinstalação inédita, formada por um conjunto de robôs cuja função é soprar glitter dourado sobre o visitante. Seus robôs, de modo geral, não são projetados com o objetivo de realizar tarefas humanas consideradas importantes para o cotidiano funcional, entretanto, a função de suas maquinas parece ser indispensável para a vida.
Seu trabalho sai do âmbito da sobrevivência para o âmbito da vivência. Sendo assim, seus robôs nos proporcionam uma experiência de vida. Um robô, a principio, seria a expressão máxima de uma sociedade que deposita sua fé na ciência e na tecnologia e num certo sentido deve ser assim, apesar disso o GlitterBot de Julio Lucio inverte essa direção e articula o mesmo padrão ciência+tecnologia para reanimar a ação humana com fazeres considerados supérfluos e não essenciais. Sua tecnoinstalação transforma o espaço num campo sensibilizado pelos sensores dos robôs, que são acionados pela presença humana. Tanto espaço quanto o visitante-participante são cobertos pelo pó dourado do glitter. Neste caso a cor é metal e não a cor pigmento. Por ultimo o ouro torna confere ao espaço um brilho que mais o desintegra do que o integra.
Julio Lucio vem desenvolvendo um trabalho muito especial no campo da reflexão sobre arte/ciência/tecnologia, essa tríade que hoje é mais um problema aos artistas que uma solução. E no caso desse artista acho que a experiência é bem sucedida porque revela mais problemas do que encontra soluções.
Alberto SaraivaRio de Janeiro 2012
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