| José Paulo |
“Retratos e Autorretratos” é o nome que o artista atribui a sua recente pesquisa, em que investiga a retratação das pessoas. O ponto de partida foi o desejo de retomar o desenho e a pintura, sua formação inicial, de que se afastou por muito tempo ao trabalhar com esculturas, principalmente em barro e ferro. A mostra terá a serie “Quarenta retratos”, com 40 desenhos em grafite sobre papel feitos a partir de copos recolhidos de amigos, parentes e anônimos, em situações diferentes. “Por mais acadêmico ou realista que seja o retrato, a tentativa de figuração nunca consegue abranger a totalidade da pessoa retratada”, pondera José Paulo. “Desenhar esses diversos tipos de copos de geléia, uísque, requeijão, água, é uma tentativa de aproximação dessas pessoas”. José Paulo está fazendo mais uma serie de desenhos, especialmente para a exposição na Anita Schwartz,tendo como foco outros objetos.
A pesquisa do retrato derivou ainda o conjunto “Espelhos para Autorretratos”, com oito espelhos construídos a partir de modelos reais, mas que foram segmentados e rejuntados, ficando com apenas três centímetros de largura a lâmina de reflexão. A forma original – oval, octogonal, retangular – não é percebida de imediato, e a capacidade de refletir está reduzida, embora ainda conserve a característica de espelho. “Por mais que um espelho seja grande ou evidente, ele nunca terá a capacidade de refletir a complexidade de uma pessoa autorretratada, nunca passará a ideia absoluta e plena”, afirma.
A mostra terá ainda, no contêiner localizado no terraço da galeria, o vídeo “Retrato de Van Gogh com Orelha Cortada” (2011), com 34 minutos de duração. Nele vê-se um copo d’água onde são jogados continuamente comprimidos efervescentes de vitamina C, até chegar em uma saturação extrema começar a transbordar. “O líquido laranja passa a ocupar o plano, mostrando uma saturação extrema densa, que não conseguia mais ser contida pelo copo, como uma exaustão psicológica”, explica. José Paulo conta que o pintor Van Gogh (1853 —1890) é um artista muito presente em sua vida, desde menino, e que surgiu naturalmente na investigação sobre retratos e autorretratos.Rio de Janeiro 2012
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