| José Damasceno |

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Petrobras e a Light apresentam a exposição “José Damasceno”, com trabalhos do artista pertencentes à Coleção Gilberto Chateaubriand em comodato no MAM, e ao acervo do Museu. O curador Luiz Camillo Osorio selecionou cerca de 50 obras – desenhos, esculturas e maquetes – que permitem ao público acompanhar parte da trajetória do pensamento e desenvolvimento do artista ao longo dos anos 1990, período em que se concentra a maior parte desses trabalhos.

“Um dos artistas mais representativos da cena contemporânea brasileira, suas obras lidam com a tensão entre concentração e expansão, volume e linha, forma e espaço. A ação do seu gesto dissemina-se no mundo combinando surpresa e potência poética”, afirma Luiz Camillo Osorio.

Com uma destacada presença no cenário artístico internacional e brasileiro, José Damasceno diz que essa exposição no MAM “possui um sentido importante”, “pois essas pesquisas e investigações realizadas, talvez possam produzir perspectivas, visadas, aproximações e associações novas e contribuam para a cada momento se intuir um outro ponto de vista sobre esse conjunto, um diferente olhar”. Ele observa que os anos 1990 foram um “período de imersão”, que resultou em uma grande produção na década seguinte.

O artista diz que vem “confirmando o mistério do passo do tempo, de como as coisas acontecem e se relacionam”. Ele conta que, ao montar sua grandiosa exposição “Coordenadas y Apariciones”, em 2008 – em que foi o primeiro artista a ocupar integralmente os espaços públicos do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid – ele se perguntou “qual seria o elemento, o mais primordial, que pudesse estar vinculado à ideia de espaço”. “Descobri que seria a existência de coordenadas diferentes. No Reina Sofia construí nove trabalhos pelos espaços do Museu: fachada, corredores, escadas ,loja, jardim, biblioteca, em que supus que aquelas situações poderiam também ser coordenadas, cada uma delas, reunidas ali, onde produziriam ao mesmo tempo espaço e pensamento que se nutrem e se mesclam respectivamente”. Damasceno acrescenta que na exposição do MAM isso também talvez ocorra: “Cada obra, cada projeto e desenho, assumindo uma qualidade espacial e se tornando também uma coordenada, apresentariam a possibilidade da existência e formação de um espaço. Me dedico a investigar e intuir a natureza desse espaço”. “O conjunto traz toda uma série de perguntas, apostas, escolhas, decisões, inquietações enfim que, e em seguida, começo a estabelecer relações, contatos entre esses enunciados”. Ele afirma que os títulos dos trabalhos “são muito importantes na medida em que atuam e funcionam e são vistos também como um material”.

Os cerca de 30 desenhos que estarão na exposição abrangem desde o início na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com uma litografia – feita em 1987, quando o artista, nascido no Rio em 1968, tinha apenas 19 anos –, um desenho da série “Organograma” (2000) em que o artista inscreve com carimbo as palavras “ontem, hoje e amanhã”, até uma serigrafia realizada em 2004. “Os desenhos são fundamentais como exercício do pensamento”, afirma.

MAQUETES
As maquetes, importantes no trabalho do artista por serem “recursos para simular, exercitar descobrir e me aproximar do que estou pensando”, são 15, na mostra. Ele ressalta que “nesse processo de dimensionamento e escalas”, existente entre o desenho, projeto e construção das maquetes e sua realização, “ocorrem acasos e imprevistos”. “Preciso estar sempre muito atento e também flexível no processo de desenvolvimento do projeto, no intuito de que a ideia se manifeste o mais plenamente possível. Um dos exemplos em que as circunstâncias exigiram um novo rumo foi a instalação da obra “Mass media para modelar (you are such stuff as images are made on)”, no Project Room da ARCO Madri, em 2001. A obra foi projetada para formar o que seria uma audiência com 12 cadeiras reais, em frente a uma tela, e mil quilos de massa de modelar dispostas e “modeladas”. No entanto, o artista se surpreendeu ao perceber que a flexibilidade do material encomendado na Espanha naquele momento estava diferente da que havia manipulado antes. Somou-se a isso o severo regime de horário de montagem da ARCO, o que reduzia consideravelmente o tempo disponível . Tendo em mãos uma tonelada de massa de modelar, em caixas com 12 cores cada, ele fez a tela como previsto originalmente, com o material manuseado, misturado e cortado. E distribuiu, organizou e empilhou as massas em blocos, apenas retiradas da embalagem em seu formato original. “Ao final, o resultado me trouxe um elemento interessante e inesperado entre a massa manuseada e aquela intocada, apenas distribuída”, conta. “O exercício da atenção às circunstâncias e limites são fundamentais para o artista”.

ESCULTURAS
As maquetes “Octopos” e “Solilóquio”, ambas de 1995, serão vistas junto com seus projetos realizados. A escultura “Octopos” – apresentada pela primeira vez na Galeria Marcantonio Vilaça, em São Paulo, em 1995 – se constitui de duas esculturas: uma formada por dois objetos geométricos de madeira entrelaçados, “uma espécie de mobília com equilíbrio deslocado”, e uma peça de ferro, semelhante a uma ferramenta, a um cadinho, com uma “cabeça” e forma alongada encontrada e retirada dos manequins de madeira usados pelo artista nas maquetes. Pode-se ver, dentro dessa “cabeça”, obtido por escavação, o formato vazado de um polvo. A escultura “Solilóquio”, em que o artista usa madeira e concreto, concorrendo ao prêmio Unesco, viabilizou sua primeira viagem ao exterior, para montar a obra, no prédio da Unesco em Paris, em 1995.

Outras esculturas que estarão na exposição são “Cartograma” (2000), em metal pintado e compassos, “Elemento cifrado subitamente revelado” (1998), com estantes para partitura, e “Sem título” (1995), em ferro.

José Damasceno tem trabalhos em prestigiosas coleções públicas, como Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, EUA), Daros Latinamerica (Zurique, Suíça), Fundación Arco (Madri), Fundación La Caixa (Barcelona, Espanha), Inhotim Centro de Arte Contemporânea (Minas Gerais, Brasil), Museu d´Art Contemporani de Barcelona (Espanha), Museu de Arte Moderna de São Paulo (São Paulo, Brasil), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil), Museum of Modern Art (MoMA, Nova York, EUA), e The Israel Museum (Jerusalém, Israel).


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