* | *Jorge Guinle* | * Agonia e êxtase na razão direta da écfrase
©Alle Kunst.
Confrontados com as obras de Jorge, pinturas e desenhos, nunca antes publicadas, temos reconfirmada a inequívoca sensação de estar diante de uma das divindades criadoras que melhor apreendeu, assimilou e metabolizou - transformou em sua carne e seu sangue - a filosófica significação e a hierática transcendência da abstração e da expressão...
...Que com delirante persistência, ousado, corajoso, destemido, mesmo quando perseguido e carcomido por sibilinas dúvidas e temores e angústias, foi buscar nas profundezas mais abissais do seu e do alheio psiquismo, para de lá fazê-las emergirem inteiras e íntegras testemunhas da plenitude do que supomos ser vida, já que apenas seu simulacro vivemos e vivenciamos. Sem, no entanto, e em instante algum, nem mesmo no mais derradeiro e dramático, ter perdido a... ternura, quero dizer, o contato, com o tangível e o solar, desmentindo assim todas as ilusórias aparências do histórico.
Nesse particular, é saudável lembrar, sem prejuízo dos demais, que Picasso e Braque tinham horror da possibilidade do rompimento com o real, razão porque, quando o cubismo ameaçou se estilhaçar em mil anônimos fragmentos, ou, pior, se pulverizar de todo, ligeirinhos reverteram os procedimentos para reconduzi-lo ao seu leitor natural, tornando-o sintético - uma construtiva re/construção, diga-se -, nele introduzindo elementos de nossa cotidiana e prosaica memória afetiva, elementos calientes, reconhecíveis, familiares, íntimos.
Assim Jorge, ainda que por outros meios, simulações e dissimulações e "disfarces" - vê-se isso com insinuante e lúcida e lúdica postura. Não desperdiça ele a oportuna propriedade de contrabandear para o âmago de suas abstrações figurações de sutil configuração, na verdade, aparições/egrégoras, mensagens cifradas e prossopopéicas, códigos, sinais e símbolos e ainda pequenas causas e coisas, como se monstruosidades celestes, decifradoras e/ou devoradoras.
Jorge se entregou, e nesse caso seja bem-vindo o benfazejo e apropriado clichê, de corpo e alma, e ora subornou e ora seduziu os deuses e os demônios, os olímpios e os subterrâneos, pra resgatar sua visceral e dilacerante écfrase. Não se alienou e nem se vendeu - doou sua carne e seu sopro e, sorrateiramente infiltrando-se em nosso imaginário, passou a nos possuir e a nos habitar, a nos assombrar e a intrigar e a nos instigar, a nos estimular.
Que e quanta paixão pode um ser humano suportar?! Para o sensível artista, isso pouco, nada, importa se a contrapartida é a liberdade do gesto e da cor - binômio espinhal, medular, de quem enfrentou a esfinge, a decifrou e ainda assim se deixou por ela ser devorado.
Rio de Janeiro - Agosto - 2006
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail
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