Hirosuke Kitamura
A 1500 Gallery abre a mostra Hidra, do fotógrafo nipobrasileiro Hirosuke Kitamura, também conhecido como Oske. A mostra, que conta com curadoria de Miguel Rio Branco, apresenta 11 fotografias coloridas, incluindo um díptico e um tríptico, registradas em sua maioria em bordéis de Salvador.
Hidra revela dois lados de uma mesma moeda. A sexualidade explorada pela lente de Hirosuke é exibida num misto do puramente físico e da relação do corpo como mercadoria com um quê de sobrenatural e fantasmagórico. “Na sociedade existem muitas contradições. Tem um lado bom e outro lado ruim. Gente ruim tem lado bom e gente boa tem lado ruim. Não dá pra definir, distinguir ou resolver com facilidade e simplicidade”, analisa o fotógrafo.
Grande fonte de inspiração de Hirosuke são os locais escolhidos para ambientar seus trabalhos. “O ambiente decadente, degradado, tempo lento, vida cruel, erotismo, relação caótica... A pouca luz destaca muito o corpo castigado, a textura das paredes, mofos que mostram a passagem do tempo. Gosto desses essenciais reais do mundo”, detalhe.
A seleção de obras feita pelo curador tem como principal intenção a sensualidade e a espiritualidade. “Algo emerge silenciosamente a todo momento nessas imagens: fantasmas entre o sexo e a morte; fragmentos de sedução que vagam a meio caminho de mundos perdidos”, diz Miguel Rio Branco.
O ponto chave de Hidra está além do tema, na alma das obras que fazem parte da exposição, como explica o curador: “Na arte o que conta é a alma e não o tema. Aqui o os temas são diluídos e misturados. Aqui não ficamos presos a nenhum lugar ou a um momento específico, nós passamos para outra fase. Uma fase que nos faz ir para um outro espaço, um outro mundo, um limbo”.
O palpável, contudo, está presente, mas carregado de significados e simbologia. “O que aparece como pele, dedos, seios, sexos e roupas são transformados em máscaras, oferendas, luzes e suores baianos mostrados por este artista japonês que um dia veio a Salvador”, conclui Miguel Rio Branco.
Graduado em Literatura pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto, Hirosuke Kitamura veio ao Brasil em 1990 como intercambista. Em 1993, estudou processos contemporâneos, pintando e desenhando no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Em 1995 fez um curso intensivo de fotografia, após o qual começou a trabalhar como fotógrafo freelancer. Em 1997 tornou-se correspondente da revista japonesa de música Latina, fornecendo artigos e imagens de eventos musicais pelo Brasil. O trabalho de Kitamura está presente no Museu de Arte de São Paulo (MASP). O artista reside atualmente em Salvador, Bahia.

Rio de Janeiro 2012


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