| Guilherme Portella |
Em sua quarta exposição individual, apresenta a série intitulada Qu4tro, onde quadrados e retângulos surgem quase como obsessões, mas não menos obsessivo é o empenho em desfazê-los, seja através das incontáveis sobreposições, que geram transparências e novas tonalidades, seja pelo desvanecimento de suas bordas, manchadas, distorcidas, borradas, até descaracterizar por completo o geométrico. .
Desta forma, por mais que num primeiro momento o que salte aos olhos sejam os quadrados e retângulos, o real tema desta série são as cores e as transparências. Elas nos conduzem, nos levam a percorrer a superfície da tela, a desvendar detalhes e descobrir novas camadas a cada olhar. Em sua trajetória, o artista já caminhou pelas abstrações, por uma mescla de figurativo e abstrato (na série Velha Infância, onde também inseriu textos em diversas obras), e tangenciou o abstracionismo geométrico, que agora subverte em seus novos trabalhos.
A série Velha Infância fala sobre o tempo. Na era dos videogames e da Internet, muitos brinquedos e brincadeiras parecem ter ficado em algum lugar do passado. Outros, mesmo resistindo às mudanças, ficaram cristalizados como símbolos de um tempo perdido. Explorando esse universo mítico e associando as imagens com textos diversos, o artista mergulha em reminiscências e nos toca através de sensações paradoxais como identificação e estranhamento.
Rio de Janeiro 2012
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