"Vi Luz e Entrei", de Vivian Guggenheim.
"FIAT LUX!"...

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

... insinua e diz Vivian através do título da expô. E eu vi Vivian e me encantei de imediato por suas ... pinturas - óleos sobre tela e aquarelas sobre papel. De quebra, há ainda uma instalação de pintura e laca sobre madeira e tela, composta de 50 caixinhas justapostas em um todo retangular como se fossem, e o são, um só quadro, e coladas sobre um fundo com fita adesiva dupla-face para que o feliz admirador possa eventualmente rearranjá-las de acordo com seu estado de luminosidade ou escuridão, felicidade ou solidão.

Pergunto se a série é intencional por conta desses tempos tenebrosos de ameaça de apagão que estamos vivendo e ela ri deliciada e diz que não, é anterior, ela nem sabia da existência dessa nossa aflição (Vivian vive na Argentina - onde outros horrores estão em curso) mas que é bom saber agora. Quiçá não foi uma vidência? Oxalá seja, e para uns e outros, já que todos precisados estamos.

Chistes à parte, a obra de Guggenheim nos remete a uma situação aterradora - estamos sós, o lugar é escuro e de repente vemos uma casa com luz e entramos, na esperança de encontrarmos calor e proteção. Ou estamos num túnel que parece não ter mais fim e subitamente lá longe o fio de uma luzinha - o fio de Ariadne! Quem não pensa nisso nestes tempos de medo, violência, guerra, destruição e morte?!

Mas não se preocupe, deseperançado leitor, que a fadinha Vivian percorreu por nós do Tártaro e do Hades os infernais corredores e nos trouxe o evangélio: há luz, sim, ela a viu (ou a criou), entrou e está nos convidando a todos para que também entremos e com ela compartilhemos o saber e o conhecimento, o prazer e a exaltação de ser e de estar - viver, que viver é bom!

"Com a mudança de ano, a mudança de milênio, pensei que se há uma fresta e se um não entra, significa ficar por fora", palavra de Vivian.

Rio de Janeiro 2001.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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