"Primavera 2009" - Pinturas by G. Tector

G. Tector nasceu na província Belga do Limburgo. Esta região acolheu muitos estrangeiros à procura de trabalho nas minas de carvão. Foi lá que alargou sua visão do mundo e se tornou cosmopolita.
Com vinte anos apenas foi trabalhar no Zaire (Congo) durante dois anos, de 1968 a 1969.
Depois do seu regresso à Bélgica, estudou psicologia e sexologia na Universidade de Lovaina, de 1969 a 1974. Em seguida, instalou-se em Antuérpia onde trabalhou como psicoterapeuta. Sempre foi uma pessoa desportiva. Só tarde na vida se revelou como artista. No fim dos anos oitenta, frequentou aulas de desenho e pintura em várias academias. Sua primeira exposição, em Antuérpia, foi em 1990. A partir de então apresentou o seu trabalho em exposições de grupo e individuais. Em 1994 abriu a sua própria galeria, onde também colaborou com outros artistas.
Para ele a pintura é uma busca, um trajeto a ser efetuado durante o qual as formas e as cores que aparecem espontaneamente descobrem e revelam a essência final: uma história onde as figuras predominam. Quando o artista não está satisfeito com o seu trabalho, pinta a tela de novo. A superfície recoberta forma um relevo particular, linhas que servem de fundo para a segunda camada e que são fonte de inspiração. Esse pano de fundo revela ‘formas’ que se concretizam à medida que Tector vai pintando. Quase sempre são contornos de figuras, pessoas ou ainda paisagens, árvores ou impressões de movimentos efémeros. O artista sabe que as possibilidades são inúmeras, mas que a certa altura deve escolher o rumo a seguir. O resultado não é a consequência de um plano, uma ideia predeterminada, mas sim uma união entre a inspiração, os sentimentos e a estrutura realizada por acaso.
O trabalho de Tector não é premeditado. Ele gosta de continuar o trabalho no que estava anteriormente mas desapareceu. Para este artista, começar a trabalhar numa tela virgem é muito mais difícil. A essência da sua arte é a aventura, a descoberta, deixar a pintura evoluir a partir de elementos vagos, tal qual uma viagem não planejada. As suas pinturas só revelam o conteúdo para quem saiba se abrir ao acaso e à aventura, à viagem por uma região desconhecida e selvagem. De perto, a pintura dá uma impressão diferente do que quando observada a uma certa distância, só vista assim é que todas as partes caem no seu lugar. São impressões abstratas provenientes do subconsciente, guiadas pela mão do artista.
Trabalha de preferência em telas grandes que necessitam muito espaço para fazer ressaltar o seu valor. Nunca faz trabalhos iguais. As cores vivas, o ambiente quente poder-se-iam designar como emoções ‘meridionais’. Sua arte não é racional, é mais uma descarga impulsiva, espontânea, sem limites nem formas rígidas, livre e selvagem, sem restrições: uma corrente de sentimentos exprimidos pela cor. Predominam os tons de amarelo e verde, com o castanho quase africano da terra e o vermelho do sol e do fogo em muitas nuances e transições, a maneira como Tector exprime vitalidade é por vezes considerada irrequieta.
Muitas das suas obras têm como tema a comunicação. Duas figuras, masculino e feminino, yin e yang, em busca de uma união. Ele próprio diz que uma figura sozinha é estática. Deve haver mais, a figura deve estar em relação com alguém ou com algo, senão a história não se completa. Como artista, Tector leva-nos a uma viagem cativante recriando o mundo à sua própria maneira com paisagens paradisíacas onde um homem e uma mulher se aproximam um do outro para melhor se conhecerem. Tector conseguiu uma boa mistura de elementos da sua juventude, da sua estadia em África e das suas inúmeras viagens ao Brasil e outros países com o seu conhecimento psicológico e o seu mundo sentimental. O seu trabalho é universal e acessível.

Guy van Hoof, autor

Rio de Janeiro 2009


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