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"Noturnos e outros contos fantásticos", de Gianni Ratto / Códex
Onde termina o mal?

Com reconhecida experiência em dirigir histórias criadas por outros, Gianni Ratto cria mais uma vez as suas próprias histórias. Em seu primeiro livro de contos, Crônicas Improváveis (Editora Códex, 2002), o diretor e cenógrafo Gianni Ratto mostrou-se um excelente ficcionista. Noturnos e outros contos fantásticos traz mais uma vez à tona esse seu talento.

Nesses novos contos, a tênue linha entre literatura fantástica e grotesca é bem demarcada, em histórias que questionam a religiosidade, o erotismo, os tabus, levando a uma reflexão assustadora e ao mesmo tempo prazerosa do cotidiano. Em A Ilha o leitor se surpreende ao se deparar, nas entrelinhas, com uma relação incestuosa, que não significa o retrocesso à barbárie e sim, um recuo aos primórdios da humanidade, já que os laços de parentesco representam a primeira forma de organização social.

Uma história de amor trata de forma delicada a relação entre um casal de cegos, numa história comum e sem dramas, mas sublime na forma de narrar.

Essa delicadeza imperceptível permeia Noturnos e outros contos fantásticos do começo ao fim, proporcionando uma leitura agradável e reflexiva do cotidiano. Gianni Ratto escreve com um requinte ímpar e nos faz perceber que existem várias maneiras de contar a mesma história.

Sobre o autor: Gianni Ratto nasceu em Milão, mas mora no Brasil desde 1954. É uma das mais importantes figuras do teatro brasileiro, já atuou como ator, diretor técnico, cenógrafo e iluminador.

Escreveu os livros: A mochila do mascate, Antitratado da cenografia, Crônicas improváveis e Hipocritando. O seu erotismo à flor da pele, de raízes profundas, transgride sem agredir. A transgressão é carinhosa e assustadora, pois fascina com prazer e consciência. Somos levados com esta leitura a lugares onde o tabu nos impede. - Celso Frateschi

A literatura fantástica é categoria difícil e perigosa. Pode desbordar facilmente para a simples farsa ou, mais grave, para o grotesco. Gianni Ratto, ícone do teatro, estende sua maestria a esse campo: escreve com o vigor de um sátiro e a delicadeza de um anjo. - P. Quartim de Moraes

Rio de Janeiro - 2005.


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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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