| "Resistências" by Fabiana de Barros e Michel Favre |Vencendo as resistências...
Alexandros Papadopoulos Evremidis*
Fabiana e Michel são artistas absolutamente contemporâneos, diria até científicos. Sim, porque eles não se contentam com o mundo das aparências por o considerarem pleno de truques ilusionistas, peças que a própria natureza nos prega. Propensos à investigação e à pesquisa, à desconstrução e à minuciosa análise do que aparentamos ser e do que na verdade somos, eles violaram a intimidade dos seres e dos objetos e foram fundo até atingiram o âmago, o exato instante em que se opera o turning point e a luz acontece.
O que move o mundo?
Quais são as forças subjacentes que o regulam. A que normas elas mesmas
obedecem? Perguntas cujas respostas foram buscar, a título ilustrativo,
num ponto nevrálgico do processo, que aqui tem o nome de "resistências" -
dispositivos de extremada densidade que controlam a passagem dos elétrons
na medida justa para o fim a que se propõem. Um pouco menos e o que temos
é frustração.
Um tanto a mais e sucumbiremos, implodindo ou explodindo. O ideal é
alcançar a incandescência e cumprir a função. É o que eles conseguem com
essa sua série de resistências.
E não são apenas as físicas resistências feitas de filamentos de tungstênio, seja para uma lâmpada, para uma torradeira, para um telefone. Há ainda as humanas resistências ao novo, à incerteza, à entrega, ao aperto de uma mão, à aceitação do "outro", da sua raça e da sua cor, do seu sexo - da diferença!
Umas e outras foram fotografadas e resultaram em quadros de grande impacto estético e emocional, já que, em seu despojamento dicrômico, nos remetem aos primórdios do cosmo, quando, em meio à densa amplidão da caótica escuridão, fiat lux, fizeram-se o calor e seu corolário, a luz - atributos e propriedades necessários para a física e para a biologia - a vida.
Rio de Janeiro 2003
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