Erli Fantini - Cidades
A recente produção da artista no período de 2005 a 2007, mostra uma série de torres criando uma cidade sonhada onde novas formas ganham vida. Este conjunto de 150 peças gera a sensação de moradias onde a figura humana começa a surgir. A cidade imaginária vai sendo montada de uma forma aleatória, adequada ao local expositivo.
São formas que lembram edifícios, torres, castelos, pontes, picos, escadas, pessoas, janelas de uma remota ancestralidade, ao mesmo tempo contemporâneos e futuristas. Ora se juntam ou se revezam, ora se afastam e desaparecem, dando à cidade qualidades em constante mutação. Mais do que peças de cenário parecem personagens vivas. Cada escultura conta a história do projeto. A abrangência e o magnetismo dessa cidade interagem com outras esculturas e objetos que não participam diretamente do projeto. A cidade imaginária de Erli Fantini contribui para a utopia da comunhão universal de conhecimentos. Lá, tempo e espaço são abertos para pessoas de todas as idades, culturas, raças, posses.
Mineira de nascimento, Erli Fantini possui bacharelado em Artes Plásticas pela UFMG e ampla vivência na área, como comprovam suas premiações em Salões de Arte dos quais participou nos últimos anos. Seu trabalho já cruzou fronteiras, tanto estaduais como internacionais, rendendo-lhe os maiores elogios, quando de sua mostra em Massy, França. A artista está sempre renovando seu conhecimento, reciclando suas idéias, descobrindo novas técnicas o que a faz estar sempre em constante estado de aprendizado. Fez seus primeiros estudos com respeitados nomes da arte brasileira tais como Amílcar de Castro (estudos da forma) e Luiz Paulo Baravelli (desenho).
Para conceber uma nova peça existe uma rotina a ser seguida. O primeiro momento de criação de Erli Fantini é a partir de uma idéia que tem seu primeiro registro em papel através de desenhos, croquis, anotações, ou seja, tudo o que possa ser interessante naquele momento. Em um segundo momento passa-se à elaboração das peças em argila, onde diversas vezes um pequeno pedaço é amassado por horas até que uma idéia fique registrada ali, o que nos leva a terceira etapa que vem a ser crucial na criação: o fogo. No momento da queima em forno a lenha na técnica ‘bizen’, o fogo passa a ser seu principal parceiro uma vez que o processo da queima é determinante para o resultado de todo esse trabalho com cerâmica. O resultado de cada queima é único. O fogo e as cinzas que caem sobre as peças criam eventos muito particulares.
A cerâmica, nas mãos de Erli Fantini, submete técnicas e linguagens à invenção. As queimas diversas, com manipulação quase alquímica dos segredos do fogo, proporcionam às peças dimensões inusitadas, dotando-as de uma luz única. Segundo a própria artista: “O cotidiano é o que me fortalece para o momento da criação. Todos os sentidos são observados. Criar tem de ser um exercício diário. Viver e criar são uma só coisa e devem estar sempre juntas. Mesmo aquilo que aparentemente é simples, ou sem importância, no decorrer do processo é valioso”.
Rio de Janeiro 2007.
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