A galeria estará coberta por 32 chapas metálicas, de 1,30m x 1,80m cada, recolhidas na periferia de Belém, e trabalhadas pelo artista plástico Emmanuel Nassar, em uma pesquisa que se iniciou ano passado. As chapas, às vezes garimpadas em ferros-velhos, são de origem variada, anúncios, letreiros, por exemplo. Ao cortá-las sempre do mesmo tamanho, Emmanuel Nassar já faz uma escolha de composição, como se demarcasse um espaço pictórico.
| Emmanuel Nassar |
"N" de nós e de Nassar e "E" de eu e de Emmanuel - a simbiose polar.
Emmanuel Nassar usa, desde 1984, chapas de alumínio. Tudo começou quando ele quis criar “uma fachada de teatro” para uma exposição sua em uma galeria de Belém. A chapa, pintada por cima por ele, “era para ser descartável, mas no final da exposição achei que tinha ali um trabalho, e eliminei a palavra 'pintura' que havia escrito”, conta ele. A partir de então, passou a amassar e pintar chapas de alumínio.
Entretanto, foi apenas ano passado que o artista começou a pensar em um projeto “de recolher chapas já utilizadas e juntar com outras, todas com o mesmo tamanho”. “Quis trabalhar essas chapas como módulos, em que elas funcionam individualmente ou como painel, tem conexão uma com a outra”, explica. Cerca de dois terços são pintadas pelo artista, algumas apenas com uma intervenção e outras onde ele pinta inteiramente.
Emmanuel Nassar integra, com outros oito artistas brasileiros, a exposição “L'autre Amérique”, que está desde julho e vai até 04 de setembro na galeria Le Passage de Retz, em Paris, com curadoria de Michel Nuridsany. Em abril deste ano fez individual na Millan Antonio, em São Paulo.
Além das chapas, Nassar vai mostrar também cinco pinturas, nove múltiplos, “as caixinhas” – trabalhos em que usa tinta acrílica sobre papel, pedaços de brinquedos de plástico, roldanas de brinquedos desmontados, e letras usadas em tabelas de preço de lanchonete – e três fotos no formato 1m x 1,5m cada, que integraram a exposição “Poesia da Gambiarra”, no CCBB Rio,
A polaridade está sempre presente no trabalho de Emmanuel Nassar. “A idéia de que o Brasil é uma Belíndia, a mistura impossível de Bélgica com a Índia, a posição do indivíduo no coletivo, essas polaridades estão presentes nas agulhas de bússola, nas medições, na idéia de pontos cardeais. O solar x o escuro, o externo x o interno, o eu x o nós”, diz Emmanuel Nassar.
A questão que fica mais evidente com a presença das iniciais de seu nome em algumas obras. “O 'N' tem a simbologia do coletivo, que são meus antepassados, em contraposição ao 'E', que é a primeira pessoa. O N está sempre em uma posição de âncora, e o E é saltitante, efêmero, equilibrista, vai passar. O N é mais permanente”, observa.
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