| Eliana Martins |

O OLHAR PERDIDO

Paulo da Terra Caldeira *

O universo pictórico de Eliana Martins, povoado por vivências e lembranças interioranas e do cotidiano de um passado longínquo, são o foco principal de sua primeira exposição individual. O encantamento pelos movimentos de suas figuras são os elementos centrais em sua obra na qual procura retratá-los em suas expressões, conversas e interação com o ambiente donde sobressaem um universo de atrações e lembranças do imaginário popular.
Sua força expressiva reside na postura elegante de pernas e braços alongados e no rosto oco, sem traços e sem cores, de seus personagens, a presença de animais, de construções de vários estilos enfim, elementos que transformam o ambiente em um cenário feérico e, ao mesmo tempo, simplório, remetendo a uma ingenuidade sem retorno.
Embora Eliana Martins tenha freqüentado cursos de pintura para a terceira idade na Universidade do Estado de Minas Gerais, no Ateliê Florália e tenha, também, sido aluna, por longo período, de Fernando Flávio, artista atuante em Belo Horizonte nas últimas décadas do século passado, seu estilo é Naif. Portanto, seria temerário categorizá-la como autodidata. Nascida em Ponte Nova, MG, aos quatro anos de idade sua família mudou-se para Belo Horizonte, cidade onde concluiu o curso médio, casou-se e constituiu família. Teve cinco filhos e sete netos. Iniciou-se na pintura em 1996, visando encontrar um novo mundo. A paixão pela pintura passou a absorvê-la completamente imbuída que estava de seu sonho de tornar-se artista.
A ingenuidade de ambientação de sua obra, refletida em suas composições caracterizadas pelos seus traços, cores e pinceladas, a levou a ser convidada para participar de exposições coletivas na Escola Guignard (1998); no Ateliê Florália (2002); na Esquina da Arte, idealizada pelo produtor cultural Luiz Otávio Brandão, na Praça da Savassi, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte (2006) e em várias outras instituições e eventos, como Pintando ao vivo, no Palácio da Liberdade (2011).
Merece destaque, ainda, sua participação nas mostras: Women in Boards, International Women´s Day, na Tap Gallery, em Sydney, Austrália, por duas vezes, e sua seleção para integrar a coletiva: Talentos da Maturidade, promovida pelo Banco Santander, em São Paulo, ambas em 2010. No mesmo ano, foi distinguida com o prêmio: Incentivo, na 10ª Bienal Naïfs do Brasil, realizada pelo Sesc, em Piracicaba – SP (2010). ,
Sua exposição na Galeria Passarela Cultural, da Biblioteca Pública Estadual, enfatiza e reflete as características da pintura naïf nas quais transbordam situações corriqueiras e ingênuas vivenciadas em longínquas vilas do interior do Brasil e que tendem a desaparecer com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação entre os povos. No entanto, seus personagens, sem face, continuam mirando o infinito!

*Colecionador, Professor e Coordenador do Curso de Museologia da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais

Foto by Ricardo Tunes Aluotto

Rio de Janeiro 2012


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