| Eduardo Barreto |
Ao expor dentro de uma caixa-galeria me vem a clara sensação de como o Sagrado e o Profano podem se tornar tão antagônicos ou complementares.
Na polissemia da palavra SEIVA, as extensões dos sentidos se estendem à libido como energia vital e motriz como ao sangue, ao leite, ao suor, à seiva das árvores, ao esperma, a água, ao dinheiro.
Quanto ao sentido de Natureza que utilizo na exposição, me volto sobre a minha própria formação. Mas por outro lado, permanece em contínuo xeque o jogo entre o “mundo visível, em oposição às idéias, sentimentos, emoções”. (Aurélio). Me torno, então, um prisioneiro do labirinto na natureza da cultura.
O paroxismo da nudação se faz explícito. Trata-se de um labirinto expiatório e confessional. Mas os limites de um retrato-falado regressivo, ou introspectivo, impõem certas ameaças e riscos. Certos territórios se tornam sinistros: buracos negros.
Sobretudo quando nos sentimos confrontados diante de uma “sociedade confessanda” com seus mecanismos de controle - e denúncias – em torno do erotismo e seu imaginário. “Enquanto o prazer toca a cultura com experiências agradáveis o gozo transborda, quebra e suspende – é o prazer despedaçado, a cultura despedaçada”. R.Barthes
É como se uma estética do gozo se instalasse numa banca de jornal – caixa alucinada e profana onde assistimos – vista como a vulgaridade máxima e impura – mesmo que hoje em dia seja ali vendida a cultura livresca e clássica – onde presenciamos à uma patética multiplicidade hiperconsumista – atiçando/explorando/sugando a massa espermática e futebolística.
Um estar em nós, ou mesmo, o exercício do domínio de si, se estilhaça.
O Páthos do mutável e incontrolável reverbera. A entropia desgovernada da grande bolha invade todos os valores antes saqueados. A grande farsa explodiu.
Cabe então a sagrada galeria propiciar um fraternal refúgio de reflexão e meditação – a derradeira revelação sobre o gozo impossível – intangível e puro; tão último quanto inicial.Rio de Janeiro - 2009
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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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