Julia Miranda
Desde o início da carreira, em 1994, Daniella Liu Herzog segue transitando entre suportes e linguagens. Da pintura ao desenho, à colagem, à instalação. Quatro anos depois da primeira mostra solo em São Paulo, em 1996, e de inúmeras coletivas na mesma cidade, a artista vive um momento muito especial em sua trajetória: a estreia no circuito carioca de arte com uma exposição individual.
A obra que hoje apresenta no Centro Cultural Correios guarda forte relação com as questões da cor e do ornamento, presentes desde o início de sua expressão em pintura. Do diálogo com a arquitetura surgem colunas, arcos, frisos e azulejos. Elementos que, transpostos e sobrepostos, tornam-se quase padronagem também em colagens. Uma estampa que pode, ao transpor as fronteiras do bidimensional, invadir o espaço expositivo.
Daniella Liu Herzog traz para apreciação dos cariocas trabalhos inéditos na cidade, que reforçam um atributo essencial na compreensão de sua poética: a reprodutibilidade. Uma prática que passa pela apropriação de imagens recorrentes em seu cotidiano, e que adquire novos significados a cada transposição para novos suportes.
Tramas visuais que sugerem contrapontos entre nitidez x apagamento, registro x memória. Uma viagem que teve início na cor, e que hoje passeia até mesmo por sua ausência. Paisagens pessoais que se revelam em meio a transparências e sobreposições.Gilberto de Abreu Jornalista e editor do blog Supergiba – Pequenas Impressões sobre a Arte Contemporânea
Rio de Janeiro 2010
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