Clara Cavendish - pinturas
A obra de Clara Cavendish transpira uma multiplicidade de enfoques e de pontos de vista onde a geografia e a atmosfera do Rio de Janeiro funcionam como cenário e fio condutor das cenas dinâmicas, entremeadas de planos de luz, formas e cores. Ao longo dos anos ela encontrou o segredo para domá-las harmonicamente, traduzindo através de vigorosas pinceladas uma multiplicidade de imagens, ora figurativas, ora abstratas. Sua dedicação é profunda, quase religiosa, e o resultado de seu talento, persistência e entrega são pinturas que refletem o belo, o terrível e o sublime – sempre sob a ótica do otimismo. Na série “A Lapa da Minha Memória”, por exemplo, Clara desenvolve um resgate de flashes de imagens noturnas daquela região, onde cintilam movimento,conexões entre corpos, linhas e tons, em uma dança sinuosa e envolvente.
Com fortes características expressionistas - influência de sua estada na Academia de Artes de Berlim - a obra de Clara poderia ser denominada de “Expressionismo Tropical” pelo caráter luminoso e alegre das temáticas abordadas, onde a paixão, os ritmos e o colorido exagerado explodem numa profusão de cores de marcante influência da cultura brasileira que mescla o frevo, o samba e o maracatu. A artista não teme ser associada a essa brasilidade, muito pelo contrário: faz questão de assumir suas raízes nordestinas, mais exatamente pernambucanas, que, somadas à vivência carioca (está radicada no RJ desde a adolescência) resulta em trabalhos que retratam a alegria de viver, seja através do uso intenso das matizes, seja na expressão das figuras, caracterizando assim seu estilo pictórico. Clara se auto-denomina “Maximalista”, pois em suas obras ela não economiza elementos, nem tinta, nem expressividade, nem tampouco se priva do prazer durante a realização de seu processo criativo.
Além de ter estudado na Alemanha, Clara também fez cursos na Escola de Belas Artes, no MAM e na EAV do Parque Lage, local onde lecionou por três anos e participou da exposição “Como vai voce geração 80?" A artista se interessa ainda por computação gráfica e produz diversos trabalhos para a TV como o realizado para a peça “Lisbela e o Prisioneiro”. Atualmente integra, como professora, o projeto Rede, da FUNARTE.
Rio de Janeiro 2007
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