| Chelpa Ferro | Estabilidade Provisória |
Dramatização da dialética do perene e do efêmero

“A lei que rege a natureza é a da instabilidade”, diz o artista plástico Luiz Zerbini, um dos integrantes do Chelpa Ferro junto com o também artista Barrão e o editor de imagens Sergio Mekler . “Mas tudo que é aparentemente estável, na verdade é provisório”, continua Zerbini. E é esta idéia que o Chelpa Ferro está levando para a Fundação Eva Klabin, dando continuidade ao Projeto Respiração, com curadoria de Marcio Doctors.

Inaugurado em agosto de 2004 com o artista José Damasceno, seguido de Ernesto Neto em novembro, o Projeto Respiração tem como objetivo criar intervenções de arte contemporânea na Fundação Eva Klabin. A intenção é criar fricções de linguagens e contrastes entre a arte consagrada do passado e as manifestações da atualidade. O projeto propõe reproduzir a mesma estratégia da colecionadora Eva Klabin, que foi a de reunir, em sua residência, obras que pertencem a diferentes períodos da história da arte e que são proveniente das mais diferentes latitudes.

Nas palavras de Marcio Doctors “esse contraste tem a função pedagógica de evidenciar uma questão da maior importância, que ajuda a elucidar a dificuldade que existe em compreender a arte contemporânea: enquanto a arte do passado está preocupada com os fins, a arte contemporânea está preocupada com os meios. Enquanto, antes, o que se desejava era um objeto acabado (uma pintura ou uma escultura, por exemplo), hoje, o que se pretende é uma situação transitória, instável, provisória e em processo. As obras produzidas nesta situação respondem a uma ansiedade do contemporâneo que é a incerteza”.

Para criar esse ambiente de “estabilidade provisória” o Chelpa Ferro ocupará algumas salas da Fundação. Na Sala de jantar, por exemplo, um pequeno motor será instalado sob a mesa produzindo um tremor que fará com que os talheres, porcelanas e cristais estremeçam, gerando sensação de perigo e instabilidade. Na Sala Renascença será criada uma ambientação sonora e luminosa– com falhas,arranhões no som e queda de energia – que servirá como contraponto para objetos colocados em situação de risco: quebrados ou prestes a cair.

Na opinião do curador, a mostra Estabilidade Provisória do Chelpa Ferro é uma quase-ilustração dessa idéia do contraste que ele quer propôr. “O estabelecido, o consagrado, estremece diante do lúdico. A desarrumação gerada em um ambiente tão estruturado, onde a história da arte tem a função de criar um cenário estável para a existência de Eva Klabin, desencadeia uma outra estabilidade – de passagem -, mas que tem a função de nos questionar a respeito do lugar das coisas. A incerteza aqui torna-se um valor em aberto. O mesmo valor que tem guiado as ações em nossa sociedade”.

A busca de uma estabilidade / instabilidade que denuncia a situação precária de limites em que vivemos é o grande trunfo da instalação do Chelpa Ferro, que encontra, no ambiente da casa-museu de Eva Klabin, o espaço ideal para revelar o incômodo, a incerteza , o precário e o transitório, através do contraste.

Rio de Janeiro 2004


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