SEGREDOS DA BIBLIOTECA DE CASTRO MAYA: EROTISMO E ARTE
Uma coleção requintada da biblioteca de Castro Maya, de 38 livros eróticos e 37 pranchas, com ilustrações e gravuras originais. Os livros escolhidos entre mais de 900 volumes compõem um painel significativo da literatura erótica oriental e ocidental. As ilustrações são de importantes artistas como Pablo Picasso, Raoul Duffy, Leonor Fini e Aristide Maillol, entre outros.
Ao percorrer os séculos através da sucessão de imagens de livros com temas relacionados ao amor sensual e erótico, a exposição “Segredos da Biblioteca Castro Maya: Erotismo e Arte” procura apresentar a literatura erótica, com diversos padrões de conduta, em diferentes épocas. Na Biblioteca Castro Maya encontra-se um conjunto expressivo de obras da literatura oriental e ocidental ilustradas com cenas românticas e eróticas, outras burlescas e satíricas, que interpretam poemas e romances escritos no período que vai desde o clássico até o século 20.
A descoberta do vasto material erótico surpreendeu até mesmo quem conhecia bem a biblioteca, como a diretora dos Museus Castro Maya, Vera Alencar: “Conhecida principalmente pela brasiliana e pelas coleções dos Cem Bibliófilos e de livros de artistas modernos como Matisse, Picasso e Seurat, foi uma surpreendente revelação a descoberta, na Biblioteca Castro Maya, de um conjunto de livros cujo conteúdo e ilustrações estão associados à sensualidade e ao erotismo”, diz a diretora.
A coleção de obras eróticas da literatura clássica ocidental ocupa um espaço amplo na Biblioteca Castro Maya. Os destaques são Daphne et Chloé, de Longus, edição de 1937, ilustrada com xilogravuras originais de Aristide Maillol, La Matrone d’Ephese, de Petrônio, um dos contos que fazem parte do Satiricon, e o conjunto de dez pequenos volumes editados por A. Quentin entre 1878 e 1889 com delicadas vinhetas executadas por artistas de formação neoclássica como Méaulle, Meiger, Poirson e Bernier, e a carta de Pogge, Les Bains de Bade de 1896, relatando sua temporada no balneário de Baden, na Alemanha, com desenhos de inspiração déco de George Barbier.
Está na mostra a obra de Pietro Aretino, considerado o mais importante autor pornográfico do Renascimento, que tratou de temas desafiantes como a prostituição e a atividade sexual explícita, além da renascença francesa, com Pierre Ronsard, Bellay, com La Vieille Courtisane (A velha cortesã), e Belleu, com Petites Inventions (Pequenas invenções). Há destaque ainda na exposição para a pornografia e o erotismo de Pièrre Loüys, que dizia ter traduzido do período clássico os textos de Chansons de Bilitis (Canções de Bilitis), de 1894, e de Aphrodite, seu livro mais conhecido, publicado em 1896. Les Aventures de Tartarin de Tarascon (As aventuras de Tartarin de Tarascon), escrito em 1871, um dos livros mais conhecidos do escritor francês Alphonse Daudet (1840-1897) tem ilustrações de Raoul Dufy (1877-1953).
Três obras da literatura erótica oriental são destaques na mostra. Rubayat, do poeta persa Omar Khayam, edição (Paris, s/d.) com ilustrações de Edmond Dulac (1882-1953). The Garden of Kama and other Love Lyrics from India (O jardim de Kama e outros poemas líricos da India), edição (Londres, 1914) com ilustrações de Liston Byam Shaw (1872-1919. E Les Livres des Mille et une Nuits (Os livros das mil e uma noites).
Estas obras que tanto escandalizaram nos séculos passados, motivando censuras e prisões, hoje podem parecer mais românticas que eróticas. Mas nada perdem em sua rara beleza e expressão que, no conjunto depurado por Elizabeth Baez para a exposição “Segredos da Biblioteca Castro Maya: Erotismo e Arte”, do Museu da Chácara do Céu, podem ser vistas isoladamente, mas tendo sempre os filtros exatos de seu tempo.
Museu Chácara do Céu – Rua Murtinho Nobre, 93, Santa Teresa, RJ, t 2224.8981 / 2507.1932 / 2224.8524
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