| Carmela Gross |
Escadas, a obra que dá título à mostra, toma de assalto o vão central da Casa França-Brasil.
Esta obra, concebida no ano passado para o Sesc Belenzinho/SP, foi reprojetada para se adequar ao novo espaço. Os dois lugares, ainda que diferentes, guardam entre si uma simetria - diz a artista. Para Carmela, as escadas “sabotam” a amplitude do lugar. - É como um assalto, uma invasão, um ataque surpresa - diz. ? Além de serem fáceis de carregar e de armar, as escadas são máquinas simples, que decompõem o esforço do corpo para atingir alturas desejadas pelo olhar. E, apesar de hoje serem utensílios banais para nós, são muito mais que isso. Nasceram como máquinas de guerra.
De vários tamanhos, modelos e materiais, as escadas serão dispostas lateralmente no espaço. A artista escolheu escadas industriais disponíveis no mercado: A ideia era reforçar ainda mais o sentido de “utensílio” escadas de alumínio, de madeira, extensíveis, duplas, de encosto, de pintor, de diferentes tamanhos e proporções.
A luz de centenas de lâmpadas fluorescentes brancas, acopladas aos degraus e às traves de todas elas, intensifica visualmente as estruturas. ? Está em cena, também, o papel simbólico da escada como instrumento de alcançar as alturas ? conta Carmela. ? O conjunto dessas peças realça tanto o banal implícito no utensílio escada quanto a dimensão de poder, de ascender às alturas, ou mesmo a de domínio, associada à sua função na guerra.
Na sala 2, a artista apresenta Escada de Emergência – um desenho luminoso no espaço, que evoca a ideia de duas escadas, feitas com lâmpadas tubulares verdes e vermelhas sobre tripés metálicos. – Aqui falamos de saídas virtuais, de evacuação do espaço, de perigo anunciado, a que todos estamos sujeitos no dia a dia.
A Sala 3 apresenta outro tipo de enfrentamento: mais de 300 peças semelhantes a cobras, fundidas em latão e banhadas em níquel, serão dispostas por todo o chão da sala. Elas mexem com sensações simultâneas de repugnância e de atração. A beleza dos objetos contrasta com a simbologia do animal rastejante e ameaçador.
Carmela Gross é formada em arte na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP), além de Mestre e Doutora em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde leciona até hoje. Sua consagrada carreira inclui dezenas de prêmios, intervenções em espaços públicos e mostras individuais de sucesso no Brasil e em países como México, Espanha, França, Holanda e EUA. Participou de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo. Nos anos recentes, destaca-se a celebrada exposição “Um corpo de ideias”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2010).
Rio de Janeiro 2013
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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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