| Ascânio MMM | Livro e exposição |
Ascânio MMM [Ascânio Maria Martins Monteiro], autor de várias esculturas de grandes dimensões em espaços públicos do Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, mais Lisboa e Tóquio, lança o primeiro livro que abarca sua obra de 1966 até hoje. Entre os escultores surgidos em meados dos anos 60, Ascânio, nascido em Portugal, em 1941, e naturalizado brasileiro, é o que mais aplicou os princípios técnicos do Construtivismo histórico no Brasil. Mas, diferentemente dos pioneiros russos, ele parte de um elemento único - a ripa de madeira ou o perfil de alumínio - repetindo-o até milhares de vezes, como em um jogo de montar, que solicita a intervenção direta do artista.
Acompanha o lançamento uma exposição-resumo da publicação bilíngüe, com 50 trabalhos de madeira pintada ou crua, de alumínio natural ou pintado, de chão [grandes esculturas], parede [relevos] e maquetes de obras públicas.
Ascânio, junto com Amilcar de Castro e Franz Weissmann, forma o trio que mais tem esculturas contemporâneas de direção construtivista em escala pública, no Brasil.
Do centro da cidade, sede da Prefeitura do Rio, à Av. Pepê, Barra da Tijuca, e à zona oeste [Estrada dos Bandeirantes], há sete esculturas de grande porte de Ascânio instaladas em áreas urbanas. Suas peças de ripas brancas torcidas, espiraladas, evoluindo no espaço, são inconfundíveis. Fora do Rio, o artista tem peças na Praça da Sé, SP, na Assembléia Legislativa de Teresina, em Lisboa e Fão [Portugal], e Tóquio [Edifício Nissin].
Livro:
Intitulada "ASCÂNIO MMM" [Andrea Jakobsson Estúdio Editorial], a publicação tem concepção do próprio artista, 250 páginas, capa dura, 191 imagens, e está estruturada em quatro segmentos principais, com textos dos curadores e críticos de arte: Paulo Sergio Duarte ["A razão como dogma poético"], sobre a obra do artista como um todo; Marcio Doctors ["A geometria dos líquidos e o sonho do sólido"], sobre a série branca; Lauro Cavalcanti ["Ascânio MMM: a construção da escultura"], sobre os trabalhos em madeira crua; Fernando Cocchiarale ["Entre o espaço e a matéria"], sobre as peças de alumínio.O volume dedica ainda capítulos às esculturas em espaços públicos, a uma vasta cronologia comentada e ilustrada, assinada pelo artista plástico David Cury, e mais uma bibliografia selecionada.
Na década de 60, a ripa de madeira pintada de branco foi o elemento-base dos relevos de parede ou caixas interativas de Ascânio. Ele as repetia às dezenas, superpostas em linhas paralelas e depois retorcidas em forma de leque. O artista foi fiel a este elemento durante duas décadas, até que, nos anos 80, abandonou o jogo de luz e sombra do branco pelo movimento do veio da madeira crua: as ripas continuaram a reinar, porém despojadas do branco, a madeira in natura formava jogos pictóricos com cedro, ipê, maçaranduba, freijó, pau-marfim, pau-brasil, canela. A série foi batizada Fitangulares. Na virada dos anos 80|90, Ascânio entrou no ciclo das piramidais, ainda a partir da ripa seccionada, para chegar a formas quadradas, retangulares, triangulares. Antes criando formas sinuosas, a madeira e o perfil de alumínio, como elementos únicos, assumiram, nas piramidais, caráter totêmico e possibilidade infinita: quanto maior a base, mais ascendente é a pirâmide.
Quando passou a usar módulos de alumínio, Ascânio se surpreendeu. Em lugar da cola de madeira, entraram furos e parafusos, juntando os perfis seccionados. Cortados enviesados, empilhados e aparafusados, eles formam uma "renda metálica", dando um aspecto de transparência da construção da escultura, diferentemente das possiblidadades da madeira. Por outro lado, a peça pode ter aspecto de blocos compactos, de peso e solidez, dependendo do ponto de vista do espectador.
Para suas esculturas públicas, ele começou a usar o alumínio anodizado em 1979.
Em 1999, Ascânio aplica, pela primeira vez, cores vibrantes em suas peças de alumínio, espaciais [de chão] e relevos de parede [pequenas dimensões]. A forma piramidal se mantém com cortes oblíquos, feita com centenas de perfis seccionados. Foi nesta época que o artista levou as piramidais para a parede, até então só mostradas como esculturas de chão.
O artista destaca sempre a importância, no seu caso, de ser também o artesão de seu trabalho. Para ele, o ato de criar está entre o projeto e a execução da peça. E não foi de outra maneira que a ripa e a lâmina de alumínio levaram Ascânio às formas piramidais.
Rio de Janeiro 2005
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