| Arthur Omar | O Esplendor dos Contrários |

Foto_de_Arthur A Natureza/dispositivo como geradora de formas - Joanne Martins

As 16 paisagens da série “O Esplendor dos Contrários” do fotógráfo e cineasta brasileiro Arthur Omar produzem uma espécie de Amazônia imaginária e alucinatória, registrada ao longo de suas viagens pelo rio Amazonas em diferentes ocasiões. Um figurativismo radical, de uma natureza individuada e tornada "rosto", singularidade.

A visão pessoal do artista revela a pulsação mítica das formas, seja da floresta ou das águas do rio. Com uma estética sensorial, Arthur Omar fixa a aparição da floresta como se fosse pela primeira vez. As fotografias descobrem ambientes sublimes, figuras simbólicas, associações de imagens, cores intensas, gerando uma amazônia inesperada, conceitual e visualmente dramática, que se aproxima tanto do imaginário romântico da pintura alemã quanto da paisagem surrealista.

Uma operação "transfigural", como define o artista, que descontrói ou desloca boa parte do discurso contemporâneo de negação da figura. Na contramão de um "clichê" de arte contemporânea que muito rapidamente erigiu "dogmas" (o borrão, o fluido, o sujo), Arthur Omar vai do moderno ao contemporâneo, passando pelo experimentalismo mais radical (marca de sua obra em cinema, vídeo, fotografia) em que a instabilidade e a fluidez nascem do próprio ato fotográfico ou da busca da materialidade da imagem, suas imagens podendo emergir como figurativas ou chegando a mais pura abstração ou dissolução total das formas.

Em "O Esplendor" estamos diante da natureza como geradora de formas, o ambiente como "caixa preta", dispositivo que revela o que há de fotográfico no mundo (uma teoria curiosa, das muitas fabuladas por Omar), bastando ao fotógrafo entrar em fase com esse ambiente/dispositivo. A natureza como programa disparador de imagens e fabulações que alimentaram um imaginário longinquo e chegam até nós pela visão transformadora de um artista contemporâneo que traz uma importante contribuição para a renovacão iconográfica das imagens da natureza e da paisagem brasileira, provocando uma reconfiuguração do ver. Esse texto é parte de um ensaio sobre o pensamento fotográfico de Arthur Omar

A série da coleção "O Esplendor dos Contrários" ganhou o prêmio da Associação Paulista de Criticos de Arte (APCA) como a melhor exposição de fotografia de 2001 (apresentada no CCBB -SP) junto com a exposição "Frações da Luz", também do artista (apresentada na Galeria Nara Roesler). Arthur Omar é artista plástico, fotógrafo, e cineasta, autor de vários livros de fotografia, com séries que se tornaram referência na fotografia brasileira, coomo Antropologia da Face Gloriosa, O Esplendor dos Contrários, Lógica do Êxtase. Teve retrospectiva de filmes e vídeos no MOMA de New York e suas obras estão em diversas coleções privadas e públicas. Prepara um livro de fotografias sobre o Afeganistão.

Sobre Arthur Omar:
Arthur Omar nasceu no Brasil, em Minas Gerais em 1948. Formado em sociologia, desenvolveu sua própria “antropologia experimental” que transformou em imagens e obras. É um artista múltiplo com presença de destaque em várias áreas da produção artística contemporânea. Trabalha com cinema, vídeo, fotografia, instalações, música, desenho, além de reflexões teóricas que acompanham suas obras.

Temas como o êxtase estético, a violência social, as metáforas visuais e a busca de uma nova iconografia para a representação de elementos da cultura brasileira marcam toda sua obra, fortemente experimental e com elementos clássicos.

Sua produção em cinema e vídeo é um dos marcos da arte experimental dos anos 70 e atravessa diferentes suportes, tendo sido integralmente exibida no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa-NY) em 1999. Arthur Omar vem se destacando no campo da fotografia pelas séries temáticas: “Antropologia da Face Gloriosa”, working in progress desde 1972. até hoje, com centenas de imagens em preto e branco de rostos em êxtase extraídos do Carnaval, que irá mostrar em Arles; a série “O Esplendor dos Contrários”, figurativismo transcriado em paisagens míticas da Amazônia brasileira, premiada como melhor exposição de 2001 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Destaca-se ainda a série “Viagem ao Afeganistão’, espaços paradoxais e simbólicos extraídos das ruínas do Afeganistão pós-guerra. As formas simbólicas, as imagens paradoxais, a busca de uma nova visualidade brasileira são as marcas das suas fotografias”.


Para adquirir obras de arte, basta enviar Email - será encaminhado ao próprio artista ou ao seu galerista/marchand.

Artista, Escritor e +: ASSINE o RIOART e mostre suas criações aos qualificados leitores do Jornal e da Newsletter/InformArt enviada p/ jornalistas, galeristas, marchands, colecionadores, arquitetos, decoradores, críticos, editores, livreiros, leitores, produtores culturais, aficionados e afins: Email + 21 2275-8563 + 9208-6225


©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
Retornar ao Portal