| Art Breaks: a MTV e a cultura visual contemporânea |
Mtv = uma marca = um marco = emitindo inequívocos sinais de permanente movimento e mudança = "Maldito" Mutante

A mostra exibe mais de duzentas vinhetas da MTV, visando discutir seu recíproco impacto sobre o cenário cultural em transição. E faz isso por meio dos art breaks, vulgo vinhetas, desnudadas do descaramento dos clichês e dos indigestos chavões da tvs comerciais com que somos anestesiados.

Conhecidos como IDs, esses art breaks, verdadeiros achados, foram criados por diversos artistas gráficos e animadores de todo o mundo. Anônimos que encontraram na proposta campo fértil para criar e procriar, florescer e frutificar. Nos alimentar com arte, não com esterco global. Art Breaks certamente remete a breves pausas para a inserção dessa arte mínima máxima miesiana. Mas também não deixa de sinalizar para o A Arte Rompe fronteiras, limitações, preconceitos, superstições, resistências.

E ID, supomos ser a identidade visual da emissora, difusora, aglutinadora, fomentadora. Mesmo porque os trabalhos foram encomendados aos sedentos por fazer na base do "Você tem plena liberdade de criar o que quiser, desde que em algum momento faça menção à logo da casa". Certo, ninguém é de ferro.

Falar em logo, lembro que quando a Mtv surgiu, vozes dissonantes que ainda chamávamos de reacionárias e que casualmente (?) eram as dos nossos pais, resmungavam tratar-se de merda na tv ou merda de tv. Pra mim, soava ser o Máximo em matéria de tv. E "lia" a logo, ora como um tijolo e portanto construtivo de comunicação e por extensão de conhecimento; e ora como um corte somático - o trecho que vai do ventre ao meio das coxas e das coxias. Em todo caso, entendia-a como o elo de união global pela música e pela arte. Cosmopolita. Porque o mais - política e religiões são fatores segregadores, desagregadores.

Moral: você não precisa fugir deste insensato mundo. Basta declarar-se refugiado cultural e se refugiar por hora e meia no intimista e acolhedor escurinho do cinema da OiFuturo e "viajar" sem LSD e congêneres. Num mundo bombardeado por lixo informativo, lá você terá e verá o mundo, o teu e o alheio, em segundos essenciais. Não importa se com nexo ou desconexo. Importa a vibração que vai sentir no plexo solar e no mais alto patamar. A catársis que isso vai operat. Pequenas jóias de inestimável valor emocional e intelectual.

Rio de Janeiro 2008

©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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