| Antonio Manuel | Antonio Manuel (Avelãs de Caminha, Portugal, 1947. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) é um dos principais nomes ligados à arte de tom político e ao experimentalismo correntes no Brasil entre o final dos anos 1960 e a década seguinte. Antonio Manuel instigou o mundo das artes nos anos 1970, representando a liberdade de expressão em suas peças, em plena época da Ditadura Militar. Há obras do artista em acervos importantes do país, como o MAM-RJ, o MAM-SP, o MAC de Niterói e o MAC-USP, e do exterior, como MOMA, em Nova York, e TATE Modern, em Londres.
O artista chega ao Brasil em 1953 e fixa residência com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estuda na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues (1913 - 1993), e frequenta o ateliê de Ivan Serpa (1923 - 1973). Nessa época, também é aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes - ENBA.
Inicialmente, utiliza o jornal e sua matriz - o flan - como suporte para seus trabalhos. Com as obras “Clandestinas” e “De 0 a 24 horas”, realiza interferências nos jornais e inventa notícias, abordando temas políticos e discussões estéticas.
Em 1968, na exposição “Apocalipopótese”, organizada por Hélio Oiticica (1937 - 1980) e Rogério Duarte, apresenta as “Urnas Quentes” - caixas de madeira hermeticamente fechadas que deveriam ser arrebentadas pelo público para que seu conteúdo fosse revelado. Em 1975, cria uma “Urna Quente” e registra em cartório que ela não mais deveria ser aberta.
No final da década de 1960, cria, ainda, a obra “Repressão Outra Vez – Eis o Saldo”, onde é preciso levantar os panos pretos que cobrem o trabalho para que este, em tons fortes de vermelho e preto, apareça.
Uma de suas obras mais importantes foi a performance “O corpo é a obra”, na qual o artista propôs o próprio corpo como obra, no “Salão de Arte Moderna”, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1970. Após ser recusado como obra de arte pelo júri, o artista apareceu completamente nu na abertura do evento. Como Mário Pedrosa definiu celebremente, Antonio fez um “exercício experimental da liberdade”. A performance deu origem ao trabalho “Corpobra”.
Produziu cinco filmes de curta-metragem: “By Antonio” (1972); “Loucura & Cultura” (1973), premiado no 3º Festival de Curta-Metragem do Jornal do Brasil, em 1973; “Semi-Ótica” (1975), vencedor do prêmio de melhor filme socioantropológico na 5ª Jornada Brasileira de Curta-Metragem de Salvador, em 1975; “Uma Parada” e “Arte Hoje (1976).
Na década de 1980, cria as instalações “Vaga-lume”, realizada no Parque da Catacumba, e “Frutos do Espaço”, grandes estruturas de ferro baseadas na diagramação do jornal. Ainda nesse período o artista retoma seu trabalho de pintura, deixando o lado político e adotando uma vertente mais poética.
Em 1994, cria a instalação “Fantasma”, exibida inicialmente na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro e depois apresentada na 24ª Bienal de São Paulo, no museu Jeu de Paume, em Paris, no Museu Serralves, em Portugal, e no museu Guggenheim, em Nova York. A obra é composta por dezenas de pedaços de carvão, suspensos por fios de nylon, que parecem flutuar no espaço. O público é convidado a percorrer a instalação, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Junto há a fotografia de uma testemunha de um crime que não poderia mais expor sua identidade. Lanternas iluminam a imagem.
Para a exposição em 1998, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, cria a instalação “Ocupações/ Descobrimentos”, composta por diversos muros de tijolo, com uma passagem no meio, por onde o público deveria atravessar. De um lado, eles são pintados com cores diversas, de outro, o tijolo é aparente.
Em 2002 cria a instalação “Sucessão de Fatos”, exibida, entre outros lugares, na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2003. A instalação é composta por dezenas de telhas francesas, colocadas no chão, por onde o público deve caminhar. No meio dessas telhas, há lagos de fibra de vidro, com conteúdos diversos, como azeite extra virgem, pigmentos coloridos, entre outros. No meio da instalação há, ainda, um balde com um orifício por onde caem gotas de água.
Antonio Manuel cria as instalações e performances sem nunca abandonar seu trabalho de pintura. Em alguns casos, inclusive, transporta a ideia das instalações para a tela, como é o caso de algumas pinturas recentes, que possuem buracos arredondados nas telas, em alusão aos muros da obra “Ocupações/ Descobrimentos”.Rio de Janeiro 2011
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