Ao chegar ao meu conhecimento a notícia, que veloz corria pela rede, de que o Blog Descríticas, do Almir Feijó, havia rompido a barreira dos 400.000 page views (acessos de amor e cólera, no dizer do próprio, e diante do histórico eu grifo para "acessos" :-P); e que em momentos de pico havia recebido 3 mil e + toques em uma única e reles hora; e ainda que nos últimos 5 dias arrombou geral a boca do balão com a enxurrada de mais 100 mil toques (uffa!!), coisa inaudita pelas bandas (pampas) da zona sul do ... Brasil, quiçá do Mercosur e, suprema glória! da América do Sul, senti incontinenti a saudável mordida da inveja (que confesso, reconheço, assumo, já que sentimento perfeitamente natural, chegando mesmo a se constituir em mola propulsora da civilização - isso quando nos inspira e motiva a tentarmos ser e fazer mais e melhor que o "outro" :) (pelo jeito, vai ser difícil medir forças (paus) com Almir :(
| "Descríticas" - Blog de Almir Feijó |
Rompendo barrentas barreiras!
©Alexandros Papadopoulos Evremidis*Almir ajustando o foco da metralhadora giratória ...->
Mas espere, não foi só isso - no ato, aflorou em mim também um sigiloso orgulho, já que, embora não conheça o Almir pessoalmente, me sinto em alguma razoável medida cúmplice dele, amigo virtual e distante, no modo de encarar a vida e as coisas do mundo. Isso começou há algum tempo, precisamente quando, convulsiva e compulsivamente, devorei o homônimo livro de críticas de cinema dele, continente de 316 Descríticas. Críticas essas que me levaram a considerar todas as milhares de outras que eu, cinemaníaco contumaz, já tinha lido por aí, nos vários países em que estudei e nas diferentes línguas que aprendi a falar, meras replicações umas das outras, repletas de clichês e frases feitas. De fato, as do Almir, foram para mim uma verdadeira apokálypsis - tanto no sentido denotativo, revelação, como no conotativo, o do Doomsday e fim de papo e de mundo para uns, a des/vida inferna, e vida insossa e eterna (ai que chatice!) para outros. Tive então a nítida sensação de que ali estava alguém que, talvez por não ser profissional do ramo, não tinha papas na língua, nem cartas na manga e portanto não escondia o jogo. Dizia com todas as letras e com conhecimento de causa o que tinha que ser dito, doesse a quem doesse e ferisse as suscetibilidades que ferisse de quaisquer monstros sagrados. Mas que fique claro - tudo feito amorosamente. Afinal, Almir é cinéfilo. Resumo - havia em Almir verdade, emoção e sentimento autênticos - configuração fundamental da arte.
Homem de pedra.
Agora, tudo indica que, contrariando a história de que a história quando se repete é como farsa, com esse blog dele, não podendo ser diferente, já que atributo essencial e inalienável da natureza dele e portanto acima de suas forças, Almir dá amplificada e reverberante continuidade às suas caninas descríticas. Só que sua espinha dorsal já não é o cinema, aliás, nem há espinha dorsal - tudo que humanum est se presta a tema e matéria e assunto a ser posto em discussão, analisado, ponderado e regurgitado na forma de certeiros golpes de samurai. E já disse, ele não poupa ninguém, seja esse ninguém quem for. E também estranho, quase mórbido, quanto mais ele bate e esculhamba, mais acessos contabiliza o pageview-counter do Blog. E quem é o "público" do Almir? Toda a fauna e a flora nacional e parte da internacional - políticos que ora bajulam e puxam o saco e ora se borram de medo e espumam de raiva; acadêmicos de todos os matizes e tendências; estudantes variados; artistas em geral (que, quem não quer? adoram pedir uma divulgaçãozinha extra do seu cd, peça de teatro, filme, exposição, show e o que mais imaginar possa), prostitutas, travestis, trans disso e daquilo, a metro e a quilo.
Bem, mas a pergunta que vem ao caso, urgente, premente, pirocandente e inevitável, é: A que atribuir todo esse sucesso? Qual o segredo e o mistério que faz com que alguém saia do chão e voe nas alturas? Ou por outra: Por que alguns blogs "pegam" e outros patinam?! Por que estes só recebem a visita dos suspeitíssimos pai, mãe, irmão, namorado, amigo, cachorro, gato e da periquita da xuxa, enquanto aqueles enxameiam de laboriosos desocupados sedefamintos para ter o que fazer do seu ser?! É preciso deixar claro que pertenço a estes últimos e que, vira e mexe, quando me sinto desanimado, deprimido, frustrado e desinspirado, entro no Blog do Almir, dou uma diagonal e como se por passe de mágica feita está minha higiene mental. Será o prazer do lazer? Panem et circensis? E, se assim for, acontece o mesmo com os incontáveis "acessantes/acessores" contados no contador? Ainda que se afirmativo, porém, isso não responderia todas as múltiplas, intrigantes e instigantes questões da psico-sociológica comunicação das massas. Sem respostas satisfatórias, mandei e-mail perguntando o beabá ao próprio Almir:
Eu: Almir, o que te levou a bolar o blog?
Almir: Criei o blog no meio de uma baita crise na coluna lombar. Eu estava em casa, quase impossibilitado de tocar minha agência de propaganda, a RBA, quando pensei em algo pra passar o tempo. Logo o brinquedo se tornou uma diversão sensacional. Montei um grande mailing list e passei a distribuir.
Eu: E qual era o teor dessa fase do blog que justificasse a enxurrada?
Almir: No começo escrevia apenas sobre minhas paixões: mulheres bundudas, jazz, cinema e o Palmeiras. Depois, passei a diversificar. Entrei na política. Veio o mensalão e o blog estourou. Num único dia chegamos a ter 18 mil acessos.
Eu: Posso escrever então que ... corrupção dá Ibope :)? Seria esse o segredo do sucesso?
Almir: Não há fórmula. Uma deixa, que talvez explique o sucesso do blog, é que não tenho piedade de ninguém - nem de mim mesmo.
Eu: O blog te trouxe mais amigos ou inimigos?
Almir: Todas as semanas publico e-mails com xingamentos de todos os tipos, que vão desde ameaças de morte, até filho da puta, viado, corno, ladrão e corinthiano. Um político ameaçou quebrar minha cara. Mas mulheres mandam fotos peladas e gays propõem sacanagens de todos os tipos, com e sem troca de salivas. Até agora não aceitei nenhuma oferta, nem mesmo as para dar palestras e aulas em curso de comunicação. Sou comprometido. Minha namorada tem metade da minha idade e anda com peixeira na cinta. Qualquer coisa, antes é preciso passar pelo cadáver dela.Mil caras para você bater.
Aí está, leitor, faça as devidas elucubrações e tire suas próprias conclusões. Para mim está começando a ficar claro, como a clara luz desse dia lá fora e as turvas águas dessa imunda copabacaninha Princesinha (não seria mais apropriado Piranhinha?!) do Mar. Repercuto, portanto, mesmo com o risco de reincidência, o que reiteradamente já disse - Almir está se dando bem vezes bem, porque, tendo criado o feliz, concretista e minimalista neologismo "Descríticas" e o dotado de personalidade e identidade, corpo e mente, não mente nem faz concessões [muito menos sarnentamente (não pense que caiu no olvido!) as distribui para familiares e cupinchas]. Porque não compra nem (se) vende. Porque exala irreverência, malícia (e nenhuma maldade), humor e despudor. Porque põe o dedo na ferida e inocente e candidamente nos dá para chupar. Porque nos leva a refletir e a morrer de rir.
Chego então à otimista (espero não estar sendo ingênuo ou, pior, gaiato) sentença de que, agindo com sinceridade de propósito e ciência dos fatos, o que pode dar certo não pode dar errado. Tanto assim que aí está o Descríticas e ele flui com a autonomia de um rio, seguindo o natural leito do seu curso e as imutáveis leis da física (mesmo ciente de que repetição não garante eternidade) - ora serpenteando placida e languidamente e ora se precipitando caudalosa e avassaladoramente arrastando o que encontra pela frente (haja lixo!). E tem como vantagem sobre portais e sites, além da irrestrita liberdade e diversidade temática, o dinamismo - sim porque aqueles, por mais que os atualizemos, não deixam de parecer estáticos. Já o blog é um fluxo só, um formulário contínuo, se preferir. E tem mais - você pode vender um site, mas não um blog (a não ser que se venda junto ;-), por ele ser pessoal e intransferível, por ter seu gene e seu dna, seu sangue e seu esperma/ovário, seu "his master's voice (and face)". É, finalmente, o que chamarei de íntimo e no entanto público!
E já que falamos em fauna e flora - como taxinomizar o Almir? Contador de casos e de causos? Cronista? Historiador heterodoxo? Artista visual? (Obras de arte como as desta página, vigorosas e altamente significativas e coerentes como o espírito do Blog não faltam). Humorista? Showman? Ou, quem sabe, poeta do lírico ao satírico? Ah, deixe essa baboseira verborrágica pra lá e leia o seguinte eloqüente trecho do extrato, que selecionei para você.
Mostruário do Blog.
Há 25 séculos, dizia Pitágoras que tudo era números. A lembrança disso me questiona: Por que capetas você está escrevendo esse palavrório todo se o conteúdo do Blog do Almir e seus impressionantes e incontestáveis números dizem e falam e cantam por si?! A isso eu respondo: Ah, deve ser por causa do tal prazer do lazer dos desocupados, a que me referi antes. E também da inveja inicial - não podendo emulá-lo, pego carona e sigo adiante, para onde a vida, quero dizer, o Almir me levar. Leva eu, Almir!
Navegue pelo Blog Descríticas para conferir e confirmar.
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Rio de Janeiro - 2006
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail
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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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