"Clones / Retratos de Negros" de Alícia Rossi.
Alícia revela o oculto.

©©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Diante de obras de arte como as 20 telas que Alícia Rossi expôe no Museu Histórico Nacional é difícil se deter e se conter sem se perguntar o que é dominante - a enxurrada de emoções ou o avolumar de reflexões de que somos instantaneamente possuídos, sendo a um tempo sujeitos e objetos do que se descortina às nossas vistas embaçadas por desvios fatais. Ou por outra: sempre que a ciência se encontra num "cul de sac" e a dúvida invade e permeia o espaço quântico, como agora com o princípio das incertezas (sic), a arte, e não a religião, vem em seu libertário auxílio. Não será esse afinal seu objetivo primal e precípuo, se objetivo há, - revelar o oculto e o impermeável?

Muitos se aventuraram nas profundezas do ser para resgatar a luz do fogo. Alícia é um desses avatares. Qual Prometeu, se precipitou no negro, pequisou, se deixou penetrar pela emoção da descoberta e raptou o segredo das geometrias para lhe servir de substrato e de catedral para a revelação. Digo geometrias porque a euclidiana organizou e ordenou o caos, e a cartesiana conferiu-lhe dimensões e volume inusitados expandindo os limites ad infinitum, que é a um tempo nossa maior aspiração e o pior terror.

Mas não é de terror que nos dizem as criações de Alícia. Longe disso! O que ela põe na berlinda são emoções e sentimentos arquetípicos, densos e imanentes ao psiquismo do ser, tais como a nostalgia de algo perdido lá nos confins da história e que, tema recorrente em nossas angústias, anseia por se expressar, o que faz estoica mas vigorosamente. Com matizes cromáticos absolutamente domados em seus ímpetos de saliência e configurados para, em meio ao obscurantismo reinante, culminar em contrastantes, mas não conflitantes, manchas solares - num chiaroscuro impactante. Não há truques nem malabarismos. Está tudo resumido aqui nesse retrato de negro, que de tudo abre mão para enquadrar o essencial, como num espelho que nos faz viajar ao campo do sonhar para divisar o ego e seus desastres - o que fomos, o que quisemos ou pudemos ser e o que ansiamos ser - éticos e estéticos, parâmetros axiomáticos do plano cartesiano.

Rio de Janeiro 2001. ©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > Email


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