Maria Helena Reis - Formas e Movimento - Esculturas
©Alexandros Papadopoulos Evremidis*
Após pausadamente obervar/admirar uma, duas, três vezes, as obras de Maria Helena Reis, e por elas me deixar encantar e subjugar, algumas verdades, nenhuma mentira e toda emoção: a sensação de eu estar diante do cume vitruviano, do equilíbrio, da simetria, da proporção, da "Goldene Mitte" e, como preciosa mais valia, o balanço - inclusive nos sentidos literal e real, e até mesmo insinuada e sugestivamente sensual, por mais irreais que me parecessem seus móbiles em seu imperceptível esvoaçar quimérico. Pêndulos foucaultianos a perenemente nos dizer das forças elementares e estruturais que mantém o homem vivo e o universo em incessante movimento?
Mais - bastou que eu respirasse, e nem precisou ser fundo, embora a emoção me levasse freqüentemente a suspirar, para que eles escrevessem e desenhassem a teia estrutural, tectônica, coadjuvadas por suas muito insinuantes sombras, como se bailassem em suave e delicada interatividade ao som do silêncio. Este é um dos poderes da ponderada artista - elas nós restitui a graça da surpresa e da descoberta dos esconderijos que há em nós, e nos devolve aos mais puros prazeres da infância dos homens.
Uma certeza, naquele sacro instante, me sobressaltou - Maria Helena Reis acabava de dar o tal salto quântico, transferia-se para a fria solidão, distante da familiar matriz, dos orbitais mais externos e retornava radiante, irradiando luz e calor. Sobrevivera a si mesma e ao seu gênio! E agora, ali, me fazia um convite, extensivo a todos os viventes - não precisávamos ter medo da rejeição, do escuro, do implacável tempo.
Mais certezas: é dramaticamente errôneo crer ser a geometria filha da apolínea razão, desnuda de expressão e de sentimentos. Ao contrário - na exata medida em que reduz e economiza, desviando-se assim de todo afã decorativo, ela dramatiza e potencializa as cargas emocionais de que é tumultuosamente habitada. Maria Helena não está só no ato da criação: além de seus poderosos aliados formais, vêm em seu socorro, e com que facilidade e propriedade, as cores espectrais que, de par com aqueles, singularizam, identificam e quantificam, conferem volume, presença e cálida humanidade às suas criaturas metálicas.
Novidade não é (disso há, aqui e fora, clássicos exemplos que não vem ao caso aqui citar) - o diferencial encontra-se no uso personalizado e, daí, proprietário - configurando-lhe a assinatura, acorde com a linha da Beleza. E isso em um território, como esse dos geômetras, cujo repertório de descobertas é, pela circunscrição da meia dúzia dos sólidos platônicos, restrito, o que a categoriza e a valoriza, por mérito. Problemas semelhantes, soluções diferenciadas, ainda que sutis, mínimas. Cortar e dobrar num e mesmo plano não é tarefa, é engenhosidade movida por forças viscerais e seminais, motivas e emotivas. Só não direi que Maria Helena peitou a linha de chegada porque, na arte, como na vida, chegadas não há - o que há são apenas "caminos que se hacen al andar" - isso para parodiar e inapelavelmente associar e comprometê-la com a sublime poética machadiana.
Que os calouros colham os louros e com eles, em transe, trancem o stéfano, de destinação certa e justa e apropriada. Áxia estí!
Rio de Janeiro – 2005
©Alexandros Papadopoulos Evremidis > escritor crítico > E-mail
200x50cm
100x175cm
170x80cm
190x100cm
170x200cm
80x90cm
100x180cm
40x25cm
30x25cm
75x75cm
75x70
Live art - escultura em meio a esculturas ou o recolhimento do criador ao resguardo da solidão e do silêncio
Fotos: divulgação
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